Saci Pererê - 100 anos do Inquérito 2018 | Page 18

Andriolli Costa

Personagem

Foto : Fabio Teixeira / Folhapress

Estátua de Saci

Andriolli Costa

Graças ao paraense Erinaldo Cardoso Lima , 44 anos , avistamentos de Saci estão cada vez mais frequentes pelo sudeste brasileiro . Há relatos em Uruguaiana , na Feira de São Cristóvão e no Museu do Futuro lá no Rio de Janeiro . Desde o final de 2016 , no entanto , há informes do Pererê principalmente nos pontos mais movimentados da Avenida Paulista . Cada relato traz a prova cabal do avistamento . Afinal , são mais de 1000 fotos que ele tira por dia incorporando o saci como estátua viva pela cidade . As selfies com o perneta fazendo cara de mau são as mais procuradas .
Erinaldo perdeu a perna aos 20 anos de idade em um acidente automotivo . Só aos 23 conseguiu colocar uma perna . Saltando de emprego em emprego , e de cidade em cidade , acabou no Rio de Janeiro com 500 reais no bolso , mulher e os cinco filhos . A ideia que hoje lhe garante o sustento veio quando viu na TV um duende perneta saltitando no desenho animado do Sítio do Picapau Amarelo , em 2013 . Era o começo de tudo .
A perna ele já não tinha . A carapuça e a bermuda vermelha foi fácil de arranjar . A cor também não seria um problema . Erinaldo , que é branco , usa malha preta , luvas e tinta para viver o negrinho . O primeiro dia de trabalho foi na Copa das Confederações . Sucesso imediato .
De lá para cá foram muitas histórias , dignas de um legítimo Pererê . Erinaldo já foi contratado por funcionários de uma empresa para dar um susto no chefe . Já foi abordado por militares com medo de assombração . Até no baile funk ele já foi arriscar umas batidas .
Tudo que sabe sobre saci , Erinaldo aprendeu com uma professora de História especializada em folclore que lhe encontrou na rua . “ Existe algo de maravilhoso no mito do saci que gera muita empatia ”, reflete em entrevista ao O Globo . Só um cuidado ele não deixa de tomar : “ As crianças adoram , mas quando elas chegam , eu escondo o cachimbo ”.