RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 5 | Page 6

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Silêncio de meu Verbo

Em meu peito há um silêncio tão grande como em uma floresta de eucaliptos... Reverberam nele ecos de um pretérito tão presente que isola qualquer possibilidade de futuro.

O outono tão presente deixou marcas de uma morte tão longa...

Silenciou minhas palavras

Cegou os raios de luz que cortam o amanhecer

Empalideceu o céu

E o entristeceu

Apunhalou-o com ventos vindos do norte e fez dobrar a floresta; curvou-me de joelhos e segou-me as vontades

É como pássaro solto ao vento que flana nas correntes quentes, é poeira solta que se dissipa ao mundo, é grão de areia que se desprende das dunas e quer ser livre, é correr atrás do vento e saber que não o alcançará

Escutai o silêncio que vem do verbo de minhas lágrimas

Ronaldo Campello

Professor e Mestre em Educação

Pelotas - Rio Grande do Sul (Brasil)

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