O Medo de Amar
Cada vez que meu filho me pede um abraço, eu refugo, fujo, evito, por vezes arrumo uma desculpa, ou sou bruta em minha não aceitação deste gesto tão simples dele.
Ricardo está com 11 anos de idade, quase 12, um rapazinho fofo, alegre, inteligente demais, imaginativo, especial mesmo, ele é o meu filho sobrevivente.
Eu com 58 anos hoje, temo não vê-lo crescer, se formar (nunca assisti uma formatura dele, por vários fatores:- mudanças de escola, governo mudando a educação, enfim.).
Nestes 11 anos, eu vivi o tempo todo com medo.
Ao perder sua gêmea, a Dandy, eu tive medo de também o perder, como ele já estava de alta da UTI Neonatal há alguns dias, a primeira coisa que pensei ao receber a noticia do falecimento da minha filha, foi tirar o Ricardo dali, uma atitude egoísta minha, mas o medo foi maior. Depois, ao longo dos anos, foram medos quando ele adoecia, quando não queria comer, quando caía e se machucava, quando o machucavam na escola, quando o deixava com a empregada, enfim 11 anos de medos.
Agora que estou quase com 60 anos, o medo não é mais perde-lo, não somente este, mas tenho medo de deixá-lo.
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