RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 4 | Page 30

A dor no luto é olhar para o lado e ver todos felizes. É se sentir a pessoa mais infeliz do mundo. É não sorrir por qualquer motivo. É sentir vontade de chorar perto das pessoas. É engolir e soltar aquele sorriso amarelo.

A dor no luto e você ouvir de uma pessoa muito próxima, que você está fazendo drama pelas suas publicações no facebook, publicações em que fala da saudade… Em que fala dos momentos tristes. É ouvir que isso já é drama pois já passou 5 meses.

Eu sempre me julguei muito fraca, antes de engravidar da minha filha. Pois eu sempre fui chorona, sempre fui sensível à dor, às cólicas, à gripe. Tudo me abalava. Então sempre me julguei muito fraca.

Mais hoje eu posso dizer que sou muito forte. Todas as mães de anjo são. Pois é surreal tudo isso. Pois as esperanças e sonhos morrem quando ouvimos “não há mais batimentos”, parece que caímos em um vale de sombras e não conseguimos mais enxergar ninguém.

Eu me senti excluída desse mundo, eu sinto que nunca mais serei a mesma pessoa. Aquela pessoa que ri de tudo, aquela pessoa que esta disposta a sair qualquer momento. Pois para mim ao mesmo tempo que está sol dali a pouco o tempo já se fecha e eu não quero ver nem falar com ninguém. Quero apenas ficar no meu mundinho escuro e silencioso onde eu posso pensar na minha filha chorar sem ser julgada.

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