RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 3 | Page 9

Ser mãe de anjo é morrer um pouco todo dia e ao mesmo tempo querer se manter viva e nunca desistir do seu sonho! É querer tentar de novo, não para substituir, mas sim para ter um sentido na vida. É ter tanto medo de tentar de novo e ao mesmo tempo já imaginar que dessa vez vai conseguir ouvir aquele choro que não se ouviu, é imaginar sair da maternidade com o bebe no colo, dali pra casa dessa vez!

Ser mãe de anjo é tentar entender que foi escolhida por Deus, tentar convencer a si mesma de que isso é um privilégio e ao mesmo tempo gritar “Não, eu não queria ser escolhida!”. É ouvir que Deus só dá a maior batalha para seus melhores soldados e pensar “Nãoooooooo, eu não sou o seu melhor soldado, Senhor!”. Mas ao mesmo tempo querer acreditar que é sim e dizer “Não irei decepcioná-lo, Senhor!”

Ser mãe de anjo é se sentir forte por ter conseguido sobreviver tamanha dor e ao mesmo tempo conviver com uma impotência, se sentir completamente incapaz a cada criança que você vê nascer. Ser mãe de anjo é não ser compreendida ao sentir isso. É ver outras mães se afastar porque não enxergam que o fato de querer que seu filho estivesse aqui, não impede que você comemore a chegada de outro bebe, que sentir incapacidade ao ver um bebe nascer não significa que você não esteja feliz por uma vida que se inicia e por uma família que se completou!

Ser mãe de anjo é estar feliz, triste, nervosa, agradecida, confiante, com medo, esperançosa e querendo desistir de tudo num único dia. Ser mãe de anjo é viver com um pedaço a menos, como se um pedaço do seu coração tivesse sido

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