RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 3 | Page 28

parabéns, não havia sentido comemorar mais um ano de vida, quando tudo que eu mais queria era partir ao encontro da Carol.

Aniversário do meu caçula, dia dos pais, aniversario do meu marido, em cada data comemorativa, a ferida reabria, eu perdia totalmente aquele equilíbrio mínimo que me mantinha caminhando, eu não via motivo nenhum para me alegrar, me culpava por estar sacrificando o meu filho, sabia que ele precisava de mim inteira, sabia que ele precisava de uma certa normalidade na vida, afinal, era uma criança que havia perdido a única irmã.

Mas eu não tinha forças, me sentia vazia. Somente minha fé em Deus e a certeza do reencontro me faziam prosseguir. Então é Natal... Como enfrentar esse período sem a Carol? Como viver essas festividades que mexem tanto com nossas emoções? Como olhar a cidade iluminada, quando minha vida não tem cor?

Minha família não se reuniu naquele natal de 2014, como era costume, pois seria ainda mais difícil estarmos todos juntos. A ausência dá Carol seria gritante e muito dolorosa para todos. Consegui sobreviver, com a força do meu Deus a esse período de festividades.

Fui seguindo, enfrentando um dia de cada vez. Hoje três anos depois, a saudade é constante, (SAUDADE ... essa palavra se tornou tão pequena ... expressa tão pouco, da imensidão do que sinto sem minha filha), as datas comemorativas, são suportáveis, a dor, a tristeza, acomodaram-se em meu coração, Sei que será para sempre.

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