RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 3 | Page 20

Luto em Dias Especiais

Conviver com o luto é algo já faz parte da minha a cerca de um ano e meio desde que tive minha gestação interrompida devido a uma Pré-eclampsia grave seguida de uma síndrome hellp.

Durante esses últimos 18 meses tenho reaprendido a viver e conviver com determinadas situações, cheguei ao fundo do poço, chorei e choro amargamente pelo sonho interrompido e pela saudade do que eu não vivi com minha pequena. Tenho passado por determinadas situações que depois fico a refletir que tais coisas poderiam ser evitadas, então me lembro do trecho da Coluna de Demóstenes de Shakespeare que diz o seguinte “... não importa em quantos pedaços seu coração foi partido o mundo não pára para que você o conserte, por isso plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores”, e é isso, para o restante do mundo a vida continua e apesar de faltar um pedaço de mim eu preciso continuar andando pois o mundo não pára..

Não sei dizer qual data comemorativa dói mais, mas posso afirmar que dentro de mim durante minha gestação já fazia planos em como seria cada uma dessas datas juntas, minha filha, eu e minha família. Pensava nas reuniões, no natal, festinhas de aniversário, dia das mães, dos pais, dia das crianças e festas juninas, mas existe uma que em especial parte meu coração que o dia das mães, eu sou mãe, eu me sinto mãe, de braços vazios, mas certamente mãe, talvez a parte mais difícil ser Mãe De Anjo.

Nesse dia os sentimentos são conflituosos, pois não consigo

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