RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 2 | Page 4

3

O Vazio da Solidão

Durante toda a nossa vida, vivemos entre 30 a 40 perdas, mas nem todas consideramos como formas de luto. O luto é individual e nem sempre compreendido. Muitas vezes é alimentado na solidão, difícil de expressar em palavras porque não pode ser comparado com nada.

A Solidão é um vazio existencial referente à ausência da perda de algo importante. Muitas vezes, é confundida com o Isolamento. O Isolamento corresponde à necessidade de afastamento físico em relação ao outro. Já a Solidão é um estado mental angustiante e persistente, através do qual um indivíduo se sente afastado ou rejeitado pelos seus pares.

Antes de mais, é importante ressalvar que a Solidão não é sinónimo de Luto, pois os dois conceitos diferem substancialmente. O Luto é um processo que decorre num período mais ou menos longo, é acompanhado de um intenso sofrimento relacionado com a privação do ente querido. A solidão não está presente em todos os momentos de luto, sendo evidente em fases em que a saudade é mais rigorosa.

A solidão é uma condição interior do ser humano que corrói até ao âmago. Sociologicamente pode dizer-se que a solidão é fruto da marginalização social e da exclusão do indivíduo da sociedade dita convencional, por inadaptação ou pela recusa em seguir determinados parâmetros ou normas sociais.

Cada indivíduo vive e lida com a solidão de forma diferente. Esta emoção provoca sentimentos negativos (angústia), perturbando-nos pois consciencializa-nos da morte. Não sendo apenas física mas do propósito de vida. Todas as separações geram perdas, que levam, consequentemente, à solidão.