RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 2 | Page 22

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Com 28 semanas comecei a sentir leves dores nas costas achei que não fosse nada. No dia 16 de Setembro, a dor veio tão forte que não conseguia nem andar direito, fui no hospital o médico me passou um remédio que não me fez bem comecei a vomitar e sentir tontura. E no dia seguinte, voltei no hospital e veio a surpresa… Minha bebê ia nascer! Foi uma mistura de medo e felicidade! Estava com 5 cm, placenta descolada até que o médico foi escutar os batimentos da Sophia e não escutou…

Naquele momento fiquei sem chão! Meu mundo se destruiu queria morrer junto com ela, me perguntava como em menos de 1 hora ela me deixou? Porquê? O que eu fiz? Fui fazer a cesariana urgência meu líquido amniótico tava muito alto e minha Sophia tava sentada. As 14:57 nasceu minha pequena eu não tive coragem de vê-la!... A pediatra chamou meu marido e minha tia e eles foram vê-la… Me dói tanto não ter sido capaz de vê-la. Sinto que não fui mãe o suficiente, peço perdão a ela por não a visto...

A solidão ainda sinto muito, principalmente pelas pessoas mais próximas. Eles dizem que vai passar… Para eu não chorar! Que se eu ficar pensando nas perdas, não vou mais ter filhos. Nas duas perdas ficaram fazendo brincadeira com a minha dor e eu tinha que dar um sorriso falso!... Só para não arrumar confusão...

As pessoas evitam falar das minhas gestações e quando falam expressam um sentimento frio sem amor… Não quero que eles sintam amor pelos meus filhos! Só quero que eles respeitem minha dor... O que não está acontecendo. Meu marido, ele me entende muito sempre que preciso, ele está comigo, me escuta e quando precisa chora comigo.