O período de gestação é um processo de profunda mudança psicológica e social dos indivíduos, particularmente dos progenitores e dos que assumem laços directos e emocionais com estes. Assim, o nascimento de um filho é frequentemente considerado como um dos acontecimentos mais importantes e marcantes não só na vida dos progenitores, mas de todo o sistema familiar (Moura-Ramos & Canavarro, 2007 in Tavares, 2013:1), então
“(...)enquanto período de transição (que envolve sempre uma significativa quantidade de stress), a maternidade e paternidade, entre muitas outras coisas, reaproxima a mulher e o homem da sua família de
A forma romantizada que, comummente, se utiliza para descrever a gravidez é fortemente marcada pela projecção do futuro que se inicia no momento da concepção, ou mesmo antes, “um bebé não nasce após nove meses de gravidez: nasce quando nasce na imaginação dos pais” (Sá e Biscaia, 2004 in Tavares, 2013:2). Porém, o período que medeia até ao nascimento representa uma fase fundamental na construção do projecto da maternidade
“Depois da concepção, e ao longo das quarenta semanas de gravidez, o crescimento do feto é
E, se do ponto de vista biológico, o processo de gravidez corresponde a um período definido no tempo, cerca de 40 semanas, a maternidade é um projecto a longo prazo, para a vida, embora assuma maior visibilidade nos primeiros anos da criança, devido à necessidade por parte desta de um grande número de cuidados de forma a que se desenvolva harmoniosamente (Canavarro, 2001 in Tavares, 2013:2). Assim,
“(...) numa primeira fase, os pais aceitam e adaptam-se à notícia da gravidez. Aqui, a ambivalência é a atitude mais característica: ambivalência em relação à viabilidade da própria gravidez; ambivalência em relação à aceitação do feto; ambivalência em relação às mudanças que o novo estado implica e em
A Perda Perinatal:
Breve Apontamento para uma Leitura Cultural
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