esta estratégia utilizada pelos homens é reforçada socialmente, sendo esperado que eles reajam desta forma, e o contrario pode ser visto como fraqueza. Aqui há uma falha na empatia do meio social para com os sentimentos masculinos diante da perda (CASELLATO, 2015).
Na perda gestacional (morte do bebê durante a gravidez ou no parto) e neonatal (bebê nasce vivo e morre até os primeiros 28 dias de vida) os lutos envolvidos devem considerar desde a morte física do filho, mas também todos os sonhos, fantasias e planos envolvidos na maternidade e paternidade. Há aqui um luto tanto pelo filho imaginado quanto pelo filho real.
Para Parkes (1998) trauma é a vivência de uma situação ameaçadora com a qual as estratégias de enfrentamento conhecidas são insuficientes, causando uma sensação de desamparo e impotência. Quando algo tão esperado e desejado dá errado reações de choque e não aceitação da realidade podem acontecer, como medo, angústia, impotência, ansiedade, culpa e depressão.
O isolamento social é visto como fator de risco para saúde mental. No luto o individuo precisa poder ouvir e ser ouvido, falar sobre suas ambivalências, saudade, tristeza e amor, o que não é permitido nos lutos não reconhecidos. Instaura-se assim, um ciclo vicioso: o enlutado se sente isolado por não poder falar de seu luto, e a sociedade coloca esta perda como não reconhecida, criando, então, um duplo movimento de não falar sobre isso (CASELLATO, 2015).
Assim, é necessária uma maior investigação da percepção dos homens que sofrem com a perda de seus filhos no período gestacional ou neonatal, uma vez que estes estudos são praticamente escassas, sendo uma contribuição a este campo de conhecimento.
O processo de elaboração/integração do luto pela perda gestacional ou neonatal do homem não deve ser apenas o oferecimento de suporte para a mãe de seu filho, mas também a possibilidade de compreender que ele tem reações emocionais ao rompimento do vínculo que foi estabelecido com o bebê, afinal, mesmo sendo uma relação incipiente, ele também desejou, fantasiou e se vinculou com o bebê.
Não falar sobre a dor e a morte não evita que ela aconteça, nem que seus efeitos não se deem. Os bebês estão morrendo, os pais e mães estão se enlutando, e precisam de acolhimento e validação social para seu pesar, os homens precisam falar e serem ouvidos sobre sua dor e luto. Por isso, reforço a importância de se estudar este tema, de estudos posteriores poderem oferecer subsídios para a quebra deste tabu, dando voz a estes sujeitos e podendo propor intervenções que auxiliem na elaboração/integração do luto dos homens que passam pela morte de um(a) filho(a) no período gestacional ou neonatal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros e revistas:
ATTING, T. (2004) Disenfranchised grief revisited: discounting hope and love. Omega: Journal of Death & Dying v.49, n. 3, p. 197-215
BOWLBY, J. (1985) Apego, perda e separação, São Paulo: Martins Fontes.
CASELLATO, G. (2015) O resgate da empatia: suporte psicológico ao luto não reconhecido. São Paulo: Summus
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