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Dupla Perda Gestacional

Meu nome é Railane da Conceição, tenho 20 anos. Sou mãe de duas anjinhas que vieram ao mundo com muita pressa e rapidamente voltaram para Deus. Tudo começou em janeiro de 2015 quando recebi em mãos o meu primeiro positivo: turbilhão de sentimento, me senti uma mulher realizada. Na minha primeira ultra, lá estava minha primogênita com 7 semanas de vida do tamanho de um caroço de feijão. Ouvir seus batimentos cardíacos me levaram às lagrimas, pois era tão frágil e tao lindo o agir de Deus na vida de um ser que ainda crescia dentro de meu ventre. Gestação tudo ok. Enjoos terríveis ao invés de ganhar peso eu só perdia devido aos enjoos. Todos ainda brincavam comigo, falando que meu bebe era um menino de tão magra que eu estava e só o que crescia era a barriga.

Foram se passando as semanas e eu não via a hora de saber o sexo do meu bebé. Dentro de mim já algo dizia que seria uma princesa. Com 16 semanas eu já estava, e faltava mais 9 dias para saber qual seria o sexo.

Numa tarde eu cheguei do trabalho com muita dor nas costas. Tomei um banho, me depilei e fui deitar para descansar um pouco. Peguei no sono mas ao levantar, as dores aumentaram e eu resolvi ir ao hospital. Foi naquela noite de sexta-feira 24/04/2015 que dei entrada na maternidade com dilatação total às 19:00 horas. Vi meu mundo desabar, meus sonhos sendo interrompidos ao ouvir o médico dizer "você esta tendo um parto prematuro tenho que salvar a sua vida, irei te mandar para sala de cirurgia e farei uma cesariana de emergência, mas seu bebé não ira sobreviver". Dentro de mim gritava e eu não aceitei que fosse feita uma cesariana. Falei que se fosse para meu bebé nascer nasceria de parto normal e que eu sabia que era Deus que cuidaria de tudo por mim. Ele então me mandou para uma sala de repouso, aceitou minha decisão. E lá se foram 5 horas com contrações de gemidos e alma partida e as 00:30 da madrugada de sábado (25/04/2015) nasceu minha pequena Ágatha pesando 0,225 gramas tão frágil, numa beleza delicada, mas já sem vida.

Meu sonho havia acabado por ali, me senti vazia, não só no ventre mas também a minha alma foi ao extremo. Achei que iria enlouquecer, berrei à loucura de tanta dor, mas acreditando que o Deus que tirou tudo de Jó era o mesmo que pelejaria comigo durante todos os meus anos de vida e ressuscitaria o meu sonho.

Se passaram 5 meses sem minha Primogénita, não estava me prevenindo. O médico havia me liberado para engravidar porque o que havia acontecido basicamente seria uma fatalidade. Em setembro de 2015 me deparo com um atraso menstrual: qual veio o meu mais novo positivo e com ele de volta um novo sorriso, medos, mas com confiança que seria tudo diferente.

Com 12 semanas descobri na ultra, um hematoma, nada com que me deixasse de cabelo em pé e me cuidei. Com 13 semanas e 4 dias fiz uma nova ultra e o hematoma havia