Cumpre ao candidato e aos seus apoiadores dedicar um
pouco de seu tempo para apreciar, no plano concreto, e a partir
dos dados que nos são fornecidos pelos institutos oficiais de
estatísticas, como o IBGE, e, mais recentemente, pelo próprio
Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, a composição e a natureza do
conjunto de eleitores a quem o candidato pedirá o voto. Este
pode ser um requisito para o êxito eleitoral, ao lado de todos os
demais aspectos e condições necessárias para o êxito de uma
candidatura, que compreendem sua organização e planejamento,
a definição de seus apoios e de um regime eficaz de financia-
mento, e, claro, de sua política.
Para ter uma visão atualizada do eleitorado do Brasil e de sua
unidade federada, um candidato e seus apoiadores podem ter à
sua disposição (ao lado dos dados estatísticos oficiais e das infor-
mações prestadas pelas empresas de pesquisas eleitorais), as
informações e sensibilidades que decorrem de sua experiência de
vida, como a participação em eleições anteriores.
Ao lado disso, duas informações que nos parecem elementares
a respeito do eleitorado brasileiro (e os eleitores de cada circuns-
crição concreta) devem ser objeto de juízo crítico a partir das mais
recentes informações estatísticas, e de um esforço para identificar
e visualizar o processo e a tendência que lhes são respectivos:
especialmente a disseminada informação de que entre nós a
abstenção eleitoral é muito elevada, diante da obrigatoriedade do
voto; e, de outra parte, o entendimento, em parte resultante de
nossa realidade histórica, em parte do que divulga a mídia e,
também, porque quase intuitivo, de que o eleitor brasileiro é igno-
rante e não dispõe de um mínimo de informações que lhe permi-
tam uma escolha racional e razoável.
Abstenção eleitoral
Ressalta-se, sistematicamente, nos dias que se seguem aos
pleitos ocorridos no Brasil, nas últimas décadas, o aumento signi-
ficativo dos eleitores que se ausentam no dia das eleições. Com
efeito, a abstenção nominal no Brasil pode ser considerada
elevada, se levarmos em conta que o voto entre nós é, por defini-
ção constitucional, obrigatório.
E, de fato, a abstenção eleitoral aumentou nos últimos pleitos,
e isto ocorreu a partir de um patamar já elevado: no ano de 2002,
62
Arlindo Fernandes de Oliveira