Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 51

admitir que o seu ideário anterior, o comunismo, havia fracassado e não apenas havia sido derrotado( em certo sentido, a ideia de derrota ainda prevalece, uma vez que ainda se fala a partir da trajetória vivida, ou seja, do momento comunista ainda incrustrado no PPS). Tardou muito também a se perceber como partido reformista, sem ambiguidades, no sentido de que as reformas devem compor uma perspectiva de futuro e de destino e não uma etapa de um processo revolucionário ou transformador, como pensavam antigamente os comunistas. A fase pós-comunista do PPS se fixou como uma inércia mental que o dificultou a ir além, malgrado alguns esforços momentâneos e isolados.
Assim, para além do eleitoral, a abertura aos“ movimentos cívicos” talvez possa se constituir, para o PPS, um momento particularmente precioso, histórico, que se volte para a perspectiva de se pensar na criação de um novo sujeito político. É ilusória a fórmula de um " partido-movimento ", na medida em que isso deve fazer parte de qualquer processo de renovação ou refundação dos partidos atuais, especialmente à esquerda do espectro político-ideológico. Assim como é taxativa e fora da realidade a assertiva de que os partidos " têm prazo de validade determinado ". Há partidos que morrem, que se desqualificam, que se renovam, que se refundam e que nascem.
O PCB e o PCI morreram, o PTB e o PMDB se desqualificaram; o PD italiano e o Partido Liberal canadense, imersos nas incertezas da democracia e do seu jogo eleitoral, se renovam e se refundam; o Podemos, na Espanha, e o En Marche, na França, são novas criações que derivam das lutas efetivamente populares, nos seus países, por renovação da política, e assim por diante. A lista seria grande e aqui menciono apenas alguns exemplos. Mas o certo é que a questão não é simplesmente a mudança de nome dos partidos, em especial quando o critério for apenas eleitoral, sem vínculos políticos e simbólicos com o que se passa na sociedade( falar em Movimento23, como às vezes se cogita, é algo que, ao nosso ver, não se deve acolher em razão de sua exclusiva dimensão eleitoral, sem vínculos simbólicos nem com o passado nem com o presente).
Fala-se eufemisticamente de uma nova " formatação " ou " formação política ". Mas, realisticamente, se deveria falar num novo partido político, com novo nome, novo programa, novos métodos, novas aberturas, nova identidade. Instituir uma nova formação partidária com os mesmos vícios do antigo comunismo
Um novo partido democrático para o Brasil
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