agrônomo João Luiz Homem de Carvalho. Por este método, busca-
se aproximar produtor e consumidor: ganha-se no equilíbrio
ecológico e no custo total de produção-distribuição, além de se
evitar a dependência do transporte, descortinada durante a greve
dos caminhoneiros.
Aprendemos também que não se faz justiça social sobre uma
economia ineficiente. Quando a economia perde eficiência, a
sociedade perde justiça. Na Venezuela, a PDV, a Petrobras deles,
mantém o preço do petróleo e da gasolina a quase zero. Há anos,
o litro custa R$ 0,04. Mas a economia venezuelana está destruída
e a sociedade desagregada, uma espécie de Síria sem bombas. Por
pior que seja a tragédia do reajuste diário, estamos melhor do que
a Venezuela com a gasolina doada a todos os venezuelanos que
pararem em um posto de gasolina. Para a sociedade usar os
recursos necessários para investir no que traz justiça, é preciso
que a economia seja eficiente.
A oitava lição, embutida na greve, é a constatação de um
conceito equivocado de progresso em que famílias têm que escolher
entre encher o tanque do carro com combustível ou a geladeira com
alimentos, e preferem o primeiro; em que os governos são pressio-
nados para pavimentar estradas mais do que para colocar sanea-
mento, mais para construir viadutos do que escolas.
A nona lição foi desmascarar a demagogia. Durante a greve,
vimos políticos que antes criticavam a ex-presidente Dilma por
baixar o preço do combustível artificialmente, durante a greve,
cobrarem do governo Temer a mesma atitude.
Tal demagogia levou ao desmascaramento do antagonismo entre
os partidos. Vimos PT e PSDB juntos, com discursos quase idênti-
cos, todos pedindo que o governo interviesse para definir o preço do
combustível, sem preocupação maior com a eficiência, com o equilí-
brio das contas, com a solidez da Petrobras e da economia.
A décima lição, que todos percebem agora, foi a incompetência
do atual governo para prever o que aconteceria e suas consequên-
cias, além da incapacidade para encontrar solução rápida.
Na mesma linha, podemos constatar como um governo pode ser
incapaz de aproveitar a competência de seus quadros. Em 2016, a
Petrobras apresentava um prejuízo de R$ 15 bilhões; ao sair, em
2018, o ex-presidente Pedro Parente deixou-a com o lucro de R$ 6,9
bilhões. O valor da empresa, na Bolsa de Valores, era de R$ 120
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Cristovam Buarque