nas unidades encarregadas do diagnóstico e tratamento das
doenças. Como já disse, há muitos anos, o professor Miguel Couto,
“O Brasil é um imenso hospital”. Por isso mesmo, haverá sempre
falta de médicos para atender a população. Os governantes devem
estar cientes de que a sociedade não precisa de mais médicos,
mas de políticas preventivas que reduzam o número de doentes.
O quarto equivale à atribuição do devido valor ao nobre exer-
cício da maternidade, sem o qual o organismo do país perderá a
energia construtiva e renovadora de que depende. Para tanto,
uma das providências inadiáveis é a universalização da licença
-maternidade de um ano. Só assim será construído o vínculo
afetivo mãe/filho com a serenidade e a ternura que são requisi-
tos da principal fase de educação do novo ser. O alcance preven-
tivo decorrente da adoção dessa medida tem grande amplitude,
como se pode constatar na experiência de países escandinavos
nos quais duração da licença-maternidade é de 14 meses. Propi-
cia o estímulo da prática natural da amamentação que, além de
reduzir a prevalência de doenças infecciosas na fase de vida
correspondente, garante os componentes nutricionais de quali-
dade que são essenciais ao crescimento e desenvolvimento nos
primeiros anos de vida. Ademais, enseja o contato pele-a-pele
por meio da relação mãe-filho, que enrique o estabelecimento
das sinapses entre os neurônios e garante o despertar da
chamada sensação de pertencimento que é indispensável à cons-
trução da personalidade do novo ser humano. Outros resultados
de imensurável valor são inúmeros, tais como a redução das
taxas de hipertensão arterial dos adultos que foram amamenta-
dos na infância, bem como a diminuição do risco de câncer de
mama das mães que amamentam seus filhos.
E o quinto é estender a educação básica de qualidade a toda a
população infantil a fim de que, como afirma o senador Cristovam
Buarque, os filhos dos trabalhadores possam ser educados nas
mesmas escolas dos filhos dos patrões. Trata-se da única maneira
capaz de erradicar as iniquidades que têm início no período de
formação do cérebro, quando o exercício do mais amplo potencial
de aprendizagem precisa ser assegurado a todos e a cada um.
A propósito, cabe destacar o clássico estudo feito pelo economista
americano James Heckman, prêmio Nobel de economia. Sua
pesquisa promoveu o acompanhamento comparativo, durante
três décadas, de dois grupos de crianças nascidas no mesmo
cenário de pobreza, isto é, aquelas que tiveram acesso à assistên-
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Dioclécio Campos Júnior