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O envelhecimento deve ser compreendido como um processo natural

O número de idosos na Bahia chegou a dois milhões e o estado já é o sétimo no país em aumento da população idosa, segundo aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O contingente de pessoas de 60 anos ou mais no estado passou de 1,9 milhão, em 2015, para pouco mais de dois milhões de pessoas em 2016. A expectativa é de chegar a três milhões em menos de 15 anos.

O envelhecimento deve ser compreendido como um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível que acompanha o ser humano desde o seu nascimento até à sua morte. Este é um fenômeno pessoal que varia de indivíduo para indivíduo, e que está associado a um conjunto de alterações biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo do ciclo vital (Jacob 2013; Sequeira, 2010).

O envelhecimento ativo surge como um novo paradigma, para responder aos múltiplos desafios individuais e coletivos, que advém deste fenômeno populacional, remetendo para uma visão multidimensional. A OMS (2002) preconizou determinantes que influenciam o envelhecimento ativo, nomeadamente a cultura e gênero; determinantes sociais e econômicos; determinantes do ambiente físico e do acesso à saúde e aos serviços sociais; e determinantes comportamentais e individuais. Estes se encontram interligados em diversos aspetos, sendo a sua interação de extrema relevância.

Lembramos que o conceito de “ativo” não abrange apenas a capacidade de estar fisicamente ativo ou fazer parte da força de trabalho, refere-se também à participação contínua do idoso na sociedade e na família.

Com um aumento da expectativa de uma vida vários são os arranjos familiares na qual varias gerações estão vivendo e convivendo

simultaneamente: pais, filhos, avós, netos e bisnetos.

É importante mencionar que dois fatores influenciam o bem-estar das pessoas idosas e estão relacionados com o seu ambiente: o relacionamento positivo com os outros e o controle do seu ambiente. Portanto, o afeto é o elemento formador e definidor da união familiar, na qual a afetividade possui uma função de unificar e estabilizar as relações entre os membros da família, promovendo o respeito, a liberdade e a igualdade entre o grupo familiar.

A velhice muitas vezes é cercada por inúmeros preconceitos, tende a ser vista como sinônimo de doença, além de carregar muitos mitos e crendices de gerações passadas. É preciso uma mudança no paradigma de velhice enquanto limitação e incapacidade, porque é possível encontrarmos idosos ativos, autônomos, satisfeitos com sua condição geral e que se relacionam interpessoalmente com outras pessoas das diversas faixas etárias. Os idosos aprendem a conviver com as limitações e também a desenvolver seu potencial para exercer seu papel de sujeito socialmente ativo.

Silene Chacra Carvalho

Especialista em Gerontologia

PONTO DE VISTA

Foto: divulgacáo