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Espalhe bom humor Saber encontrar o riso, mesmo em situações difíceis ou abor- recidas, nos ajuda a seguir na vida com mais leveza. TEXTO: Débora Gomes ILUSTRAÇÃO: Bruna Bischoff TEM DIAS em que a gente parece levantar da cama com o pé esquerdo. É o despertador que não toca, o café que derrama, o pombo que caga na sua cabeça na entrada do metrô ou no ponto do ônibus, que (claro!) está lotado. Há aqueles que, diante do que parece ser um dia péssimo, o mais péssimo de todos, começam a rir da própria má sorte. Outros seguem remoendo o azar e puxam, do fundo do baú emo- cional, tudo o que não está caminhando muito bem na própria trajetória. O que nos coloca diante des- sa mesma encruzilhada é apenas, acredite, um dia ruim. Todo mundo passa por isso de vez em quando. Mas o que faz com que alguns tirem de letra toda a situação e sigam com o humor inabalado e outros fiquem maldizendo a vida e contaminando todos ao redor? No livro Em Busca do Sentido – Um Psicólo- go no Campo de Concentração (Vozes), o psiquiatra e neurologista austríaco Viktor Emil Frankl ensina sobre as escolhas baseadas na compreensão. Frankl passou boa parte da Segunda Guerra em um campo de concentração e, para não sofrer tanto diante das situações que não podia mudar, se apoiou na prática do bom humor como uma espécie de salvação. “Eu nunca teria conseguido suportar se não conseguisse rir”, conta. A partir de suas experiências, Frankl cri- ou a logoterapia, uma teoria que utiliza o sentido do humor como um de seus principais recursos ter- apêuticos. Para ele, essa disposição é uma forma de visão que revela a vida de uma maneira diferente, mesmo diante das contradições entre a expectativa e a realidade, tão normais hoje em dia. “O riso me levava momentaneamente para fora daquela situação horrível. Era o suficiente para torná-la suportável”, afirma em seu livro. Imagine se ele tivesse feito o contrário e se entregado ao sofrimento? Frankl dizia ainda que “a própria vontade de humor” (ou a nossa tentativa de enxergar as coisas por uma perspectiva engraçada) é um truque útil para tornar mais leve a rotina. Mas acontece que nem sempre conseguimos isso. Muitas vezes, vidrados em nossas insatisfações e identificando apenas os problemas, esquecemos onde foi parar o bom humor e passamos pelos dias sem enxergar graça alguma. É aí que damos a larga- da para uma avalanche de ranzinzices: perdemos a paciência com pequenas coisas (vale até mesmo um copo colocado na beirada de uma mesa), brigamos no trânsito e praguejamos no trabalho, culpamos a nós e aos outros pelos nossos momentos ruins. “O Às vezes é difícil encontrar motivos para rir, mas essa é uma escolha que depende mais de você do que das situações ao redor.