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Uma luta pessoal e social. Em pleno 2017, vivemos em um mundo cheio de misturas e formas, porém ainda nos deparamos com ''o primeiro isso'' ou ''a primeira a conquistar aquilo''. Esses casos nos fazem pensar se estamos - como sociedade - indo bem ou se ainda há algo de errado que afunila esperanças e oportunidades, apenas sendo ''barrados'' por tão poucos e poucas. Fazendo com que aqueles que superam, sejam considerados heróis e heroínas em suas comunidades. Ana Luisa com certeza é uma heroína. Exemplo espetacular de pessoa para descrever o processo de transição, auto-aceitação, preconceito dentro e fora de sua comunidade, e também das conquistas que vem com muita garra. Uma menina da periferia do RJ, que não se encaixava em seu corpo e nos ''modos se ser'', encaixou-se perfeitamente no Tribunal de Justiça do RJ. Jovem mulher com seus 23 anos que tanto viu desse lado preconceituoso do mundo e que mancha até mesmo aqueles que deveriam estar ao seu lado como sua família e antigas amigas de sua faculdade. 6. Conte um pouco da sua história a partir de sua infância até quando você se aceitou como uma mulher trans. A gente sempre sabe desde cedo, eu não falo todo mundo porquê muita gente demora para descobrir, mas eu já sabia desde 4 anos de idade que eu era uma mulher trans. E eu sempre percebi que tinha algo de errado e de como as pessoas me tratavam. Por exemplo, minha mãe queria que eu me portasse como um menino, mas eu sempre soube que eu era uma menina. Lembro de quando minha mãe ia trabalhar e eu colocava o salto alto dela, colocava batom, passava tudo, ela já até me pegou as vezes passando essas coisas e ela brigava, até batia. Minha mãe já morreu, quando eu tinha uns 14 anos, já vai fazer quase 10 anos que ela faleceu, ela era muito rígida, muito heteronormativa “bem preconceituosa” não aceitava gay e muito menos travesti e trans.