Revista Tecnicouro (maio/junho 2021) Ed. 324 - completa | Page 44

SETOR CALÇADISTA BRASILEIRO SE DESTACA COM mulheres nas empresas

Com mais de 33 % dos cargos de liderança ocupados por mulheres , conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados ( Abicalçados ) a partir da RAIS / MTE , o setor calçadista brasileiro se destaca nacionalmente quanto à participação feminina nas empresas . Vale ressaltar que a presença está acima da média nacional , que é de 25 %, segundo a consultoria internacional Grant Thornton . Entretanto , ainda assim , a desigualdade de gênero é um problema antigo , mas que infelizmente continua atual . A discussão sobre esta questão é um assunto de essencial importância , e cada vez mais atravessa os mais diversos setores da sociedade .

Estas mudanças no setor não são de hoje , em 1998 , a pesquisadora Maria Cristina Bruschin constatou que , na indústria calçadista , a queda do nível de emprego incidiu mais severamente sobre as mulheres ; enquanto a ocupação masculina cai de 27,0 % em 1985 para 26,4 % em 1995 , a presença das mulheres sofre declínio mais acentuado , decaindo de 12,4 % em 1985 para 9,3 % em 1995 .
Já a distribuição de rendimentos no setor também se apresentava muito desigual : em 1995 , 49 % das mulheres e 33 % dos homens ganhavam até dois salários mínimos , ao passo que 7,5 % das mulheres e 14,7 % dos homens ganhavam mais de dois a cinco salários mínimos .
Mais de 25 anos depois , o setor calçadista começa a apontar melhorias . A marca de calçados femininos , La Femme , com 12 anos de mercado , comprova as mudanças no setor , a empresa conta com 65 % do quadro de funcionários composto por mulheres , tem uma preocupação genuína com a questão . “ Para valorizar quem sempre está conosco , proporcionamos para algumas colaboradoras mais antigas da empresa um dia especial , ensaio
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La Femme , que conta com 65 % de mulheres no quadro , faz ação de resgate da autoestima fotográfico , almoço especial e outras atividades que , por mais singelas que pareçam à primeira vista , têm a importante missão de resgatar o autocuidado e ao autoamor na rotina dessas mulheres ”, menciona a diretora da La Femme , Silvia Barboza .
A empresária ainda destaca a importância de não realizar distinção de cargo , salários e , principalmente , funções . “ Quando pensamos em uma indústria , como é o nosso caso , associamos muito a um trabalho braçal e mais intenso , por vezes necessária força , mas , é aí que você se engana , aqui cada funcionário tem sua posição , indiferente de gênero . Quem disse que uma mulher não pode carregar uma caixa ou manusear um maquinário ?”, pontua Silvia .
As diferenças se tornaram ainda mais latentes durante a pandemia . No terceiro trimestre de 2020 , o Brasil registrou 8,5 milhões de mulheres a menos na força de trabalho , em comparação com o mesmo período do ano anterior , segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ). A taxa de participação das mulheres na força de trabalho ficou em 45 %, 14 % menor do que em 2019 , segundo a Pnad Contínua do instituto . “ A mulher precisa - e deve - ocupar o cargo que lhe é por direito . É importante ver que a presença feminina vem ganhando destaque em um setor que é mais frequentado e gerenciado por homens . Claro que , infelizmente , com a pandemia muitas mulheres perderam seus postos de trabalho , mas , em contrapartida , muitas outras começaram a empreender ou foram promovidas dentro da empresa ”, destaca a empresária Silvia .
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