Revista Tecnicouro (maio/junho 2021) Ed. 324 - completa | Page 40

A MODA E OS HÁBITOS DE CONSUMO INFLUENCIAM na sustentabilidade

A

pandemia trouxe à tona grandes reflexões sobre a vida em sociedade , principalmente em relação aos hábitos de consumo . Estando em casa por tanto tempo , a maioria das pessoas percebeu que o consumo exagerado era desnecessário , fazendo com que a compra de roupas , carros , entre outros produtos e serviços fossem revistos .
Desde então , marcas e empresas foram obrigadas a repensar os seus modelos de negócio . E a moda foi um dos setores mais atingidos . “ Há alguns anos , o mercado da moda vem passando por transformações , especialmente devido a mudança do perfil do consumidor que está mais questionador e exige cada vez mais transparência nos processos produtivos ”, aponta o coordenador de Sustentabilidade no ISAE Escola de Negócios , Gustavo Loiola .
No ano passado , o crescimento dos brechós foi muito mais acelerado do que o comércio de roupas convencional . Pesquisas apontam que , nos próximos meses , o mercado de segunda mão ainda vai crescer cinco vezes mais .
Em 2017 , o relatório lançado pela Global Fashion Agenda ( GFA ) já tinha colocado a moda como responsável por mais de 5 % das emissões de CO 2
, porcentagem 21 vezes maior do que os setores de aviação e navegação juntos .
Com o aumento estimado da produção para 2030 , a contribuição da moda para o colapso climático deve aumentar 49 % segundo estimativas da Quantis - grupo de consultoria em sustentabilidade que orienta as principais organizações a definir , moldar e implementar soluções inteligentes de sustentabilidade ambiental - e 63 % de acordo com a própria GFA .
“ Além das necessidades do planeta , é crescente a mudança de mentalidade do consumidor , aponta o especialista , complementando que a geração de millenials está aí e vai demandar cada vez mais adaptabilidade , sendo que a economia circular é a bola da vez . “ O conceito de que lixo não existe estimula a reciclagem e a reutilização ”, diz .
Exemplos disso são as marcas C & A e a Renner que , em parceria com o brechó online Repassa , estão disponibilizando um espaço nas suas lojas para coleta de roupas usadas . O processo de venda dessas peças é o mesmo de todo brechó : o cliente envia as roupas que não usa mais e elas passam por um processo de curadoria , fotografia e cadastro pré-venda .
Quem define o destino do dinheiro apontado pelo Repassa com a venda das roupas é o cliente , que poderá usá-lo como crédito no próprio brechó , sacar esse valor ou doar para uma lista de ONGs que são apoiadas pela companhia , como o Graac , Fundação Abrinq e o Instituto C ., por exemplo . “ O cliente pode revender as suas peças e utilizar esse recurso para doar a uma ONG , sacar o crédito ou utilizar parte em novas compras . Esse projeto aumenta o ciclo de vida das peças de roupa e diminui drasticamente o impacto ambiental ”, complementa .
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Em 2020 , o crescimento dos brechós foi muito mais acelerado do que o comércio de roupas convencional , mostrando uma mudança de mentalidade dos consumidores frente às necessidades globais
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