Revista Tecnicouro - Edição 313: comepleta Ed. 316 - completa (Jan/Fev) – 2020 | Page 93
VALORES
GERADOS PELO
EMPREENDEDORISMO
SOCIAL
A
o contrário da noção geral de que o sucesso
de um negócio está diretamente relaciona-
do a seu valor econômico, no empreendedorismo
social outros indicadores devem ser considerados. O
objetivo, afinal, vai além do lucro; busca a resolução
de um problema a partir de uma inovação. O tema
foi abordado pelos professores Daniele de Souza e
Pedro Giehl durante a manhã do segundo dia (13).
Pesquisador de Gestão e Empreendedorismo e
integrante do corpo docente da Fundação Liberato,
Pedro conceituou inovação e empreendedorismo
social como uma possibilidade de mudar o mundo.
“Quando a crise se torna o único consenso, é retrato
de que a humanidade está vivendo sua miséria. Um
dos grandes desafios da atualidade é mobilizar e
formar pessoas criativas e protagonistas sociais, que
sejam empreendedoras e capazes de agregar valor”,
iniciou.
“O empreendedor social tem foco na resolução
das realidades que podem ser alteradas. Inovação
social amplia a noção de valor gerado, que passa a
ser não só econômico, mas também social, ambien-
tal e cultural. A riqueza não pode mais ser medida
restritamente a bens de capital, mas de bem-estar
coletivo e inclusão social”, defendeu.
Professora do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), Da-
niele instrumentalizou a construção de um projeto
empreendedor e disponibilizou orientações para
a abertura de uma cooperativa. “Qualquer projeto
tem que ser profissional para que dê certo. E esse
projeto não pode ser nosso. Temos que transformá-
-lo em um projeto de todos. Temos que poder sair
dele, eventualmente, sem que ele deixe de existir”,
explicou.
Catavida
Villaget
Os ministrantes da
oficina também abriram
parte de seu tempo para
que dois empreendedores
sociais apresentassem suas
experiências. Servidora
da prefeitura de Novo
Hamburgo, a assistente
social Vera Rambo relatou
o surgimento do Programa
Catavida, projeto que
nasceu para resolver
uma situação análoga
a trabalho escravo pela
qual eram submetidos os
catadores que trabalhavam
na central de reciclagem
do bairro Roselândia. “Os
catadores muitas vezes
pegavam sua comida na
esteira. Essa foi a triste
realidade que encontramos
e tivemos que enfrentar.
Conseguimos colocar
os catadores em sala de
aula, formação necessária
porque eles também
tinham que fazer a
reconversão da produção
capitalista, quanto
respondiam a um dono,
para um novo cenário, no
qual eles se apropriam
do processo e são
protagonistas, assumido
realmente sua trajetória”,
resgatou.
O outro caso
apresentado foi o do
Instituto Villaget, iniciativa
criada em 2003 como um
projeto social voltado para
a inclusão e capacitação
profissional de jovens
da Vila Getúlio Vargas,
no bairro Canudos.
Desenvolvedor da ideia,
o designer Mário Pereira
utilizou sua expertise
no setor coureiro-
calçadista para ensinar a
modelagem de sapatos.
“A Getúlio Vargas era
uma vila precária, com
muitas necessidades.
Nosso objetivo era jogar
conhecimento para os
jovens, e um ensinava para
o outro. Estabeleceu-se
um núcleo de capacitação
profissional voltado para
o calçado”, recordou. A
iniciativa ganhou corpo
com a criação dos tênis
Villaget, utilizando resíduos
de fábricas na confecção
dos produtos, em trabalho
realizado dentro de
microempresas da região.
Hoje, a marca já conta com
lojas próprias em Porto
Alegre e Florianópolis.
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