Revista Tecnicouro - Edição 313: comepleta Ed. 316 - completa (Jan/Fev) – 2020 | Page 58
CADEIA COUREIRO-CALÇADISTA
FIRMA COMPROMISSO
pela sustentabilidade
V
ista como vilã ambiental por
parte dos consumidores anos
atrás, especialmente no que
diz respeito à produção de couros, a ca-
deia produtiva do setor está atualmente
em outro patamar no quesito sustenta-
bilidade, não somente com relação às
questões ambientais, mas também nas
sociais e econômicas. Porém, existe ainda
um longo caminho a ser percorrido. Para
discutir este contexto, as entidades seto-
riais, lideradas pela Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados (Abicalçados)
e pela Associação Brasileira de Empresas
de Componentes para Couro, Calçados
e Artefatos (Assintecal), promoveram no
dia 13 de novembro o evento Sustenta-
bilidade: é hora de avançar, que reuniu
um público de mais de 400 pessoas em
Campo Bom/RS.
O encontro iniciou com a apresenta-
ção de Alexandre Birman, CEO da Arez-
zo&CO, uma das maiores empresas de
calçados do Brasil. O grupo está em fase
de adesão à certificação Origem Susten-
tável e foi um dos pioneiros na adoção
da sustentabilidade em sua estratégia
de negócios. Alexandre reconheceu os
avanços já conquistados na área, porém
lançou um desafio, para que a cadeia
coureiro-calçadista se torne a primeira
no mundo a ser certificada como susten-
tável, de ponta a ponta. “É o nosso sonho
e é por isso que a Arezzo luta há mais de
15 anos”, disse. Com mais de 13 milhões
de pares de calçados e 1,5 milhão de
bolsas comercializadas no ano passado,
o grupo trabalha a cultura de sustenta-
bilidade junto ao seu quadro de mais de
1,6 mil colaboradores. Além de envolver
seu público interno, a empresa incentiva
o engajamento de seu quadro de forne-
cedores, tendo lançado recentemente o
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• janeiro | fevereiro
Código de Conduta Socioambiental para
esse público. O grupo tem como meta,
até 2021, ter todos os fornecedores certi-
ficados pelos programas Origem Susten-
tável (cadeia de calçados e componen-
tes) e CSCB (couros).
Sustentabilidade na moda
Convidada pela Arezzo&CO para
trazer um olhar da sustentabilidade na
moda, a especialista no assunto, jornalis-
ta Lilian Pacce, ressaltou a importância
assumida pela sustentabilidade no setor
em resposta a uma demanda crescente
do consumidor, principalmente da ge-
ração Z - pessoas nascidas em meados
de 1990 até início de 2010. “Esse público
está mais informado e mais preocupado
com a sustentabilidade”, destacou.
Segundo Lilian, parte da cadeia já
entendeu a importância do conceito,
como as 32 marcas internacionais que
assinaram o Fashion Pact, uma carta com
objetivos comuns, como a eliminação
de gases de efeito estufa até 2050, a res-
tauração da biodiversidade, a proteção
dos oceanos, entre outros. A carta foi
apresentada na última reunião do G7, na
França, e contou com o apoio de líderes
políticos. Entre as signatárias, aparecem
marcas como Adidas, Burberry, Chanel,
Gap, H&M, Inditex e Kering. “O fato é que
o mercado está mudando, a forma de
consumo não será mais a mesma. Ao in-
vés da posse, as pessoas têm procurado
mais o acesso, por meio de aluguel de
roupas. Inclusive, o brechó tomou status
de startup. As empresas precisam estar
preparadas para isso”, disse, ressaltando
que a sustentabilidade “não é uma onda,
é um tsunami”. No Brasil, a jornalista ci-
tou como casos de sucesso a parceria
com a marca francesa Veja, que deu ori-
gem à Vert, que produz calçados com lá-
tex da Amazônia e criou o primeiro tênis
de corrida sustentável; e o da Osklen, que
trabalha com couro de pirarucu e desen-
volve trabalho importante junto a comu-
nidades ribeirinhas para capacitação e
geração de renda.
Varejo
O varejo brasileiro esteve represen-
tado no evento por uma das maiores re-
des do País, a Renner. A apresentação do
caso ficou por conta do gerente de Sus-
tentabilidade da rede, Eduardo Ferlauto.
Segundo ele, a sustentabilidade ganhou
força na empresa a partir de 2011, quan-
do foi criado um sistema de gestão am-
biental, focado em logística reversa para
frascos de perfumes. “Até aí, o nosso con-
ceito de sustentabilidade era meramente
ambiental. Mudamos o mindset e enten-
demos que o tema precisa ser trabalhado
também nas formas econômicas e sociais
a partir da economia circular”, contou.
Atualmente, projetos de sustentabili-
dade da rede de lojas já proporcionaram
a neutralização de 100% das emissões
dos gases de efeito estufa por meio de
um trabalho de preservação de 73 mil
hectares de floresta amazônica em Ron-
dônia, a economia por meio do investi-
mento em energia renovável e com a re-
ciclagem e desfibragem de 250 quilos de
roupas nos últimos dois anos. A empresa
trabalha como meta de, até 2021, ter 80%
dos produtos menos impactantes, 100%
da cadeia nacional e internacional com
certificação socioambiental, ter 75% do
consumo de energia corporativo prove-
niente de fontes renováveis, entre outros.