Revista Tecnicouro - Edição 313: comepleta Ed. 316 - completa (Jan/Fev) – 2020 | Page 15
Um segmento que se reinventou
C
omparando o preço médio do EPI calçado
no Brasil com o valor desse tipo de produ-
to na Europa, Deivis aponta que aqui um calçado
custa em torno de 37 reais, enquanto no mercado
europeu o valor salta para 39 euros (cerca de 180
reais no dia do fechamento desta matéria). Se
ambos os calçados têm as certifi cações necessá-
rias, comprovando toda a efi ciência com relação
à proteção do trabalhador, qual é a justifi cativa
para tamanha diferença no preço? A tecnologia
nos materiais, o design arrojado, o valor da marca
são algumas delas.
Entre as observações de Deivis na feira, se
destacam as marcas, o marketing sobre os produ-
tos e as tecnologias embarcadas. Com relação às
marcas, uma das grandes diferenças do mercado
europeu para o brasileiro é que lá várias grifes
consagradas no nicho de esportivos também es-
tão presentes no segmento de calçados de segu-
rança e proteção, oferecendo modelos muito bem
elaborados, com design moderno e funcional,
agregando ainda todas as tecnologias necessárias
para serem certifi cados como EPIs.
O trabalhador europeu é muito exigente com
relação aos calçados que a empresa lhe dispo-
nibiliza para a realização de suas tarefas profi s-
sionais. Ele conhece grandes marcas de calçados
esportivos e as utiliza no fi nal de semana para
praticar algum esporte, por exemplo, e não quer
abrir mão de todo o conforto e performance
oferecido por estes produtos quando ele passa a
usar o seu EPI.
Puma, Diadora, Nike e Reebok são algumas
das marcas de calçados esportivos que atuam no
segmento de segurança e proteção com modela-
gens adaptadas, agregando toda a sua expertise
em design, conforto e performance que elevam
o segmento safety a outro patamar. É claro que
todos esses atributos também sobem o valor do
calçado, por isso a diferença de preços nos mer-
cados brasileiro e europeu são tão grandes. Então
a ideia sugerida por Deivis é iniciar mirando em
um setor específi co, como é o caso do segmento
de serviços, e lançar uma linha com atributos que
realmente tenham signifi cado para esses usuá-
rios, destacando o valor agregado pelo design
para atender as necessidades destes.
“No Brasil, somos 37 milhões de trabalha-
dores, sendo que 16 milhões atuam na área de
serviços, e uma boa parcela desses profi ssionais
utilizam calçados ocupacionais na realização
das suas funções. No segmento de hotelaria, por
exemplo, as camareiras não precisam usar boti-
nas. Elas poderiam se sentir muito mais confortá-
veis com um calçado moderno, que lhes propor-
cionasse segurança e bem-estar, e ainda por cima
fosse bonito. Talvez a oportunidade possa estar
por aí”, sugere.
Estabelecidas as evoluções nos calçados,
outra preocupação é com relação a forma de
comunicar ao mercado todas as tecnologias e
informações implantadas, bem como os respecti-
vos benefícios para os compradores e os usuários.
Como a moda está muito próxima do mercado
de segurança e proteção, a forma de divulgar os
calçados também sofreu uma mudança. Na feira
A+A, por exemplo, várias marcas apresentam seus
produtos em desfi les realizados em passarelas,
nos mesmos moldes de um desfi le que expõe
tendências da moda de grifes famosas.
“Infelizmente, no Brasil, o EPI ainda é visto
mais como um custo para cumprir normas do
que investimento para proteger os profi ssionais
e aumentar a segurança no ambiente de traba-
lho”, lamenta Deivis, lembrando que há também
a mentalidade entre empregadores de que se o
calçado for muito sofi sticado o funcionário vai
querer usá-lo também no fi nal de semana para
passear ou praticar esportes, como se isso real-
mente fosse um motivo para não oferecer um cal-
çado melhor. “Lá na Alemanha eles querem que
o funcionário esteja protegido também durante
o fi nal de semana, pois isto ajuda na integridade
física do trabalhador e ele vai chegar novamente
bem para trabalhar na semana seguinte”, ponde-
rou.