Revista Tecnicouro Ed. 327 Novembro - Dezembro 2021 | Page 62

Oficina in book Criatividade

terceiro dia da Semana do

O Calçado ( 20 ) teve início com a Oficina in Book Criatividade , tendo como livro base a obra Confiança Criativa , de David Kelley e Tom Kelley . Oficinas in Book são livros de negócios aplicados na vida real . Nesta metodologia é possível aprender na prática teorias e ferramentas baseadas em best sellers do mercado . O objetivo desta atividade realizada pelo concultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas ( Sebrae ), Guiliano Cogo , foi usar a criatividade e a imaginação de forma consciente para sair do óbvio , através da inovação . Auxiliando os participantes a serem empreendedores criativos com o uso de ferramentas simples e efetivas para resolver problemas e fazer a diferença nos negócios . A oficina faz parte de um módulo do Sebrae Lab voltado a trazer conhecimento na prática .

O encontro iniciou com um desafio : desenhar às cegas o rosto do palestrante , ou seja , fazer a figura sem olhar para o papel . A ideia foi tirar os participantes de suas zonas de conforto e também descontrair o grupo para , a partir daí , avançar nos conteúdos .
Lembrando que o Design Thinking é centrado no ser humano e começa com a história de quem está sendo representado , Giuliano considerou que uma ideia é como se fosse um filho , pois nasce dentro da gente , e por isso muitas vezes ficamos apaixonados por ela , mesmo que não responda às dores de quem estamos representando .
Ele trouxe para discussão o caso de uma seguradora norte-americana que , ao perceber que mais da metade da população dos Estados Unidos não possui dinheiro para cobrir uma despesa de emergência no valor de US $ 400,00 para cobrir gastos com um carro ou atendimento hospitalar , decidiu criar uma plataforma com oportunidades de trabalhos temporários para as pessoas que precisam aumentar a sua renda . A ideia foi fazer a interligação entre trabalhadores com tempo ocioso e empresas que necessitam de profissionais com horários flexíveis para trabalhos temporários . Com isso , criou empatia junto à população , dissociando a sua marca aos problemas a que uma seguradora é costumeiramente associada - os sinistros .
Em um novo exercício , foi pedido aos participantes que informassem , de forma anônima , o quanto são criativos , numa escala que vai do 1 ao 5 . A média do grupo foi 3,5 . Em seguida , o painelista enfatizou que é errado associar criatividade a artistas , pois todos têm a oportunidade de exercitá-la . Para ratificar a sua colocação , lembrou que muitas vezes as pessoas não querem pensar no problema , procurando de imediato encontrar uma solução , mesmo que seja paliativa . Mas , quando se trata de design temos que ampliar o olhar para ver diferentes possibilidades para um determinado problema , procurando , por exemplo , saber de outras empresas como lidaram com um caso idêntico ou ainda pensar como chegar à mesma solução de uma maneira mais simples . E isso é uma forma de exercitar a criatividade . “ Ser criativo , portanto , não é necessariamente ter ideias incríveis , mas saber lidar com o problema e encontrar a melhor solução ”, enfatizou .
Usando a pandemia como pano de fundo , Giuliano fez um exercício pensando em uma situação hipotética . Num universo de 600 pessoas , aplicaríamos um tratamento que salvaria certamente 200 pessoas da morte ? Depois , novamente , foi perguntado se , num universo de 600 pessoas adotaríamos um tratamento que excluísse da cura 400 indivíduos ? Em seguida comentou que a forma como colocamos um problema - com conotação positiva ou negativa - pode influenciar a tomada de decisão das pessoas . Para não se tomar uma decisão precipitada , é necessário o exercício de ter sempre um novo olhar para os problemas , não nos contentando com a primeira ideia de solução . “ A forma como abordamos o problema faz a diferença e manter o olhar positivo ajuda a encontrarmos mais oportunidade do que problemas ”, concluiu .
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