EXPORTAÇÕES DE CALÇADOS SOMARAM QUASE
US$ 1 bi em 2019
D
ados elaborados pela Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam
que o ano de 2019 encerrou com o embarque
de 114,55 milhões de pares, o que gerou uma receita de
US$ 967 milhões. Os números representam uma queda
de 0,9% em faturamento e um incremento de 0,9% em
volume no comparativo com 2018. Segregando apenas o
último mês do ano, foram embarcados 10,34 milhões de
pares por US$ 80,73 milhões, quedas de 21% em volume
e de 17,2% em receita em relação ao mês correspondente
de 2018.
Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Ha-
roldo Ferreira, o resultado geral apontou para uma forte
infl uência do câmbio no período. Com o dólar cerca de
10% mais valorizado do que no ano anterior, os calçadis-
tas conseguiram formar preços mais competitivos no mer-
cado internacional. “Se convertermos para Real, a expor-
tação de 2019 foi 7% superior a de 2018”, explica.
Maiores exportadores
O maior exportador de calçados do ano
foi o RS, de onde partiram 30,64 milhões
de pares, que geraram US$ 444,7 milhões,
resultados superiores tanto em volume
(12,7%) quanto em receita (3,8%) em relação
a 2018.
O segundo exportador em receita foi o
CE. As fábricas cearenses exportaram 38,44
milhões de pares por US$ 232 milhões,
quedas tanto em volume (-6,2%) quanto em
receita (-7%) em relação a 2018.
De SP, terceiro principal exportador,
foram embarcados 7,56 milhões de pares
por US$ 103 milhões, incremento de 6,8%
em volume e queda de 0,7% em receita na
relação com o ano anterior.
A PB foi a quarta origem do calçado
exportado pelo Brasil. Nos 12 meses, as
fábricas locais embarcaram 20,2 milhões de
pares, que geraram US$ 68,3 milhões, altas
tanto em volume (11,3%) quanto em receita
(14%) em relação a 2018.
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• março | abril
O resultado do ano também teve a infl uência do mer-
cado norte-americano, que importou mais calçados bra-
sileiros para fugir das sobretaxas aplicadas ao calçado
chinês em função da guerra comercial instalada entre
Estados Unidos e China. Em 2019, o principal destino do
calçado brasileiro no exterior importou 11,9 milhões de
pares por US$ 197,5 milhões, incrementos de 10,5% e de
18,4%, respectivamente, ante 2018.
O segundo destino do calçado brasileiro no exterior,
no entanto, puxou a média geral para baixo. Em profun-
da crise econômica, em 2019 a Argentina importou 10
milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 105,2 mi-
lhões, quedas de 15% e 24,7%, respectivamente, no com-
parativo com o ano anterior.
O terceiro destino do ano foi a França, para onde fo-
ram embarcados 7,9 milhões de pares, que geraram US$
60,42 milhões, altas de 7,8% e de 6,2%, respectivamente,
em relação a 2018.
Importações
Assim como as exportações, as
importações tiveram infl uência da
guerra comercial Estados Unidos e
China. Com suas exportações para
o maior mercado importador de
calçados do mundo restritas, a China
precisou desovar seu excedente em
outros países, inclusive no Brasil. Con-
forme levantamento da Abicalçados,
esse rearranjo foi o equivalente a US$
420 milhões em calçados, que seriam
exportados para os Estados Unidos e
tiveram mudança de rota.
No ano, entraram no Brasil 28,17
milhões de pares por US$ 373,9
milhões, altas de 6% em volume e de
7,6% em receita no comparativo com
2018.
A principal origem as importações
foi o Vietnã, que enviou 12 milhões de
pares por US$ 187,54 milhões ao Bra-
sil, números que representam quedas
de 0,9% e de 2,6%, respectivamente,
em relação a 2018.
A segunda origem das impor-
tações do ano foi a Indonésia, que
embarcou rumo ao Brasil 4,77 milhões
de pares, pelos quais foram pagos US$
76,86 milhões, altas tanto em volume
(15%) quanto em receita (17,6%) em
relação ao ano anterior.
Mesmo com a aplicação da tarifa
antidumping (em US$ 10,22 por par
importado), a China foi o terceiro for-
necedor do calçado importado pelo
Brasil, embarcando 8,33 milhões de
pares por US$ 48 milhões, incremen-
tos tanto em volume (12,5%) quanto
em receita (33,3%) na relação com o
ano anterior.
Já em partes de calçados - cabe-
dal, palmilhas, saltos, solas etc. - as
importações somaram US$ 30,48 mi-
lhões, 36,2% menos do que em 2018.
As principais origens foram China,
Vietnã e Paraguai.