PhD Marciano Buffon,
Colunista da revista
Tecnicouro, lança livro
a partir de pesquisa
realizada durante seus
estudos para o pós-
doutorado
COMO O CAPITALISMO
evitará seu
colapso
O
livro Tributação, desigualda-
de e mudanças climáticas:
como o capitalismo evita-
rá seu colapso escrito pelo PhD Mar-
ciano Buffon é fruto de um estágio de
pós-doutoramento junto à Universidad
de Sevilla/Espanha. O estudo partiu da
hipótese de que, ao longo da história, o
capitalismo mostrou-se capaz de rein-
ventar e adaptar-se às profundas mu-
danças que o mundo experimentava,
de tal sorte que o modelo vivenciado
(hoje) encontra apenas em sua denomi-
nação elementos de conexão com sua
mais longeva formatação.
Em um necessário recorte histórico,
a Revolução Industrial do Século XIX
emergiu em uma nova classe social -
os trabalhadores. Ao mesmo tempo,
impôs, indiretamente, um modelo de
Estado para evitar a ameaça de colapso
vislumbrada, em especial pelos escritos
de Marx e Engels. Isso fez surgir - na
Alemanha, num primeiro momento em
1871 - o denominado Estado de Bem-
-Estar Social, o qual, mais tarde (após
a Segunda Guerra Mundial), torna-se o
modelo comum aos países da Europa
Ocidental e mostra-se, por um período
de pelo menos 30 anos, efi caz na edifi -
cação de uma sociedade com reduzidos
níveis de desigualdade social e econô-
mica.
Não obstante o referido modelo de
Estado ter experimentado uma crise es-
trutural em meados dos anos 1980, com
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• setembro | outubro
Tributação, desigualdade e
mudanças climáticas: como o
capitalismo evitará seu colapso
Autor: PhD. Marciano Buffon
Editora: Brazil Publishing
Páginas: 392
Valor: R$ 75,00
Onde: livrarias e no site:
https://aeditora.com.br
o advento de concepções que aprego-
avam o retorno do modelo “Liberal In-
dividualista” de outrora, percebe-se que
tais concepções mostraram-se, econô-
mica e socialmente, disfuncionais, com
início na Grande Crise de 2008 - que
começa nos Estados Unidos e alastra-se
progressivamente para economias mais
periféricas da Europa.
Diante disso, era crível prever que
ditas concepções fossem abandonadas.
Porém, assistiu-se a um processo de
reafi rmação dos mesmos dogmas que
estavam na origem da crise suportada,
entre os quais a ideia de austeridade,
que ressurge e é imposta pelas eco-
nomias centrais como receita única e
indiscutível para a superação da crise.
Constatou-se, todavia, que a receita im-
plicou efeitos econômicos e sociais vi-
sivelmente insuportáveis, notadamente
na questão do desemprego, com brutal
redução da renda, aumento da pobreza
e da desigualdade.
Neste contexto, por mais paradoxal
que pareça, percebem-se os primeiros
passos dados e vive-se o limiar de um
novo capitalismo. Assim, o modelo, que
ora parece esgotado, resultou em pro-
blemas que, se não enfrentados ade-
quadamente, podem colocar o próprio
capitalismo num processo de autodes-
truição, conforme alertado por Piketty,
quando demonstra que níveis elevados
de desigualdade precederam, no pas-
sado, catastrófi cos confl itos e guerras.
Esse, pois, é um dos dois riscos estrutu-
rais exaustivamente descritos e enfren-
tados nesta pesquisa.
O outro risco estrutural ao capitalis-
mo, que ora se apresenta, diz respeito
às mudanças climáticas e ao aqueci-
mento global delas decorrentes. Esses
são apontados como os processos cujos
efeitos devem ser controlados ou mini-
mizados, sob pena de, em poucas dé-
cadas, experimentarmos um modo de
vida que não guardará similitude com
o atual, em que a degradação e a des-
truição serão as palavras mais adequa-
das para descrever o cenário da face da
Terra.
Em vista disso, há uma crescente e
irreversível preocupação com a defesa
do meio ambiente, tanto no sentido de
garantir um locus menos degradado
para as futuras gerações, como para
preservar uma vida digna - com saúde
- para as atuais, notadamente conside-
rando que a longevidade vem alcan-
çando níveis outrora inimagináveis.
No campo do trabalho, embora isso
pareça mais distante, impõe-se a refor-
matação das suas relações, no sentido
de permitir que esse passe a ser o meio
de realização da própria existência e
não apenas uma forma de prover o sus-
tento, em especial quando se assiste à
progressiva revolução denominada In-
dústria de 4.0, em que a tecnologia su-
prime, em defi nitivo, algumas clássicas
ocupações profi ssionais.