Revista Tecnicouro - Ed. 314: completa Ed. 314 - completa | Page 26

PhD Marciano Buffon, Colunista da revista Tecnicouro, lança livro a partir de pesquisa realizada durante seus estudos para o pós- doutorado COMO O CAPITALISMO evitará seu colapso O livro Tributação, desigualda- de e mudanças climáticas: como o capitalismo evita- rá seu colapso escrito pelo PhD Mar- ciano Buffon é fruto de um estágio de pós-doutoramento junto à Universidad de Sevilla/Espanha. O estudo partiu da hipótese de que, ao longo da história, o capitalismo mostrou-se capaz de rein- ventar e adaptar-se às profundas mu- danças que o mundo experimentava, de tal sorte que o modelo vivenciado (hoje) encontra apenas em sua denomi- nação elementos de conexão com sua mais longeva formatação. Em um necessário recorte histórico, a Revolução Industrial do Século XIX emergiu em uma nova classe social - os trabalhadores. Ao mesmo tempo, impôs, indiretamente, um modelo de Estado para evitar a ameaça de colapso vislumbrada, em especial pelos escritos de Marx e Engels. Isso fez surgir - na Alemanha, num primeiro momento em 1871 - o denominado Estado de Bem- -Estar Social, o qual, mais tarde (após a Segunda Guerra Mundial), torna-se o modelo comum aos países da Europa Ocidental e mostra-se, por um período de pelo menos 30 anos, efi caz na edifi - cação de uma sociedade com reduzidos níveis de desigualdade social e econô- mica. Não obstante o referido modelo de Estado ter experimentado uma crise es- trutural em meados dos anos 1980, com 26 • setembro | outubro Tributação, desigualdade e mudanças climáticas: como o capitalismo evitará seu colapso Autor: PhD. Marciano Buffon Editora: Brazil Publishing Páginas: 392 Valor: R$ 75,00 Onde: livrarias e no site: https://aeditora.com.br o advento de concepções que aprego- avam o retorno do modelo “Liberal In- dividualista” de outrora, percebe-se que tais concepções mostraram-se, econô- mica e socialmente, disfuncionais, com início na Grande Crise de 2008 - que começa nos Estados Unidos e alastra-se progressivamente para economias mais periféricas da Europa. Diante disso, era crível prever que ditas concepções fossem abandonadas. Porém, assistiu-se a um processo de reafi rmação dos mesmos dogmas que estavam na origem da crise suportada, entre os quais a ideia de austeridade, que ressurge e é imposta pelas eco- nomias centrais como receita única e indiscutível para a superação da crise. Constatou-se, todavia, que a receita im- plicou efeitos econômicos e sociais vi- sivelmente insuportáveis, notadamente na questão do desemprego, com brutal redução da renda, aumento da pobreza e da desigualdade. Neste contexto, por mais paradoxal que pareça, percebem-se os primeiros passos dados e vive-se o limiar de um novo capitalismo. Assim, o modelo, que ora parece esgotado, resultou em pro- blemas que, se não enfrentados ade- quadamente, podem colocar o próprio capitalismo num processo de autodes- truição, conforme alertado por Piketty, quando demonstra que níveis elevados de desigualdade precederam, no pas- sado, catastrófi cos confl itos e guerras. Esse, pois, é um dos dois riscos estrutu- rais exaustivamente descritos e enfren- tados nesta pesquisa. O outro risco estrutural ao capitalis- mo, que ora se apresenta, diz respeito às mudanças climáticas e ao aqueci- mento global delas decorrentes. Esses são apontados como os processos cujos efeitos devem ser controlados ou mini- mizados, sob pena de, em poucas dé- cadas, experimentarmos um modo de vida que não guardará similitude com o atual, em que a degradação e a des- truição serão as palavras mais adequa- das para descrever o cenário da face da Terra. Em vista disso, há uma crescente e irreversível preocupação com a defesa do meio ambiente, tanto no sentido de garantir um locus menos degradado para as futuras gerações, como para preservar uma vida digna - com saúde - para as atuais, notadamente conside- rando que a longevidade vem alcan- çando níveis outrora inimagináveis. No campo do trabalho, embora isso pareça mais distante, impõe-se a refor- matação das suas relações, no sentido de permitir que esse passe a ser o meio de realização da própria existência e não apenas uma forma de prover o sus- tento, em especial quando se assiste à progressiva revolução denominada In- dústria de 4.0, em que a tecnologia su- prime, em defi nitivo, algumas clássicas ocupações profi ssionais.