Revista Sesvesp Ed.115 - setembro / dezembro 2013 | Page 52
ARTIGO
A importância de treinadores
nos esportes, nas empresas e
em nossas vidas
Alejandro De Gyves
Diretor para
América Latina da
ActionCOACH – líder
mundial em business
coaching para
pequenas e médias
empresas.
Sucesso é
quando você
ganha e sabe
que mereceu
a vitória pois
preparou-se
para ela mais do
que os outros. ”
Revista SESVESP
S
empre que vou
tratar do assunto
mais presente em
meu dia-a-dia, o business
coaching, gosto de buscar
exemplos mais comuns à
vida de todos, como um
modo de fugir de uma linguagem às vezes prolixa que
a administração de empresas traz consigo. No Brasil,
felizmente, temos um povo
que é apaixonado por esportes e, sinceramente, não
encontrei ainda solo mais
fértil de analogias ao que
chamo de “Treinamento de
Empresários” do que essas
paixões nacionais.
No atletismo, no vôlei,
no futebol (é claro) e em
toda prática esportiva de
alta performance há sempre um ponto em comum.
Uma figura (quase sempre)
discreta, que não sobe ao
pódio, que às vezes sequer
‘sai na foto’, mas que não
pode ser chamado de coadjuvante nas conquistas:
o treinador.
O que o esporte descobriu há séculos vem sendo constatado também por
gestores de empresas dos
mais diversos segmentos e
tamanhos. Pesquisa realizada pela Stanford Graduate
School of Business com mais
de 200 CEOs, diretores e altos
executivos, mostra que pelo
menos 94% dos entrevistados acreditam ser positivo o
fato de receberem coaching
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ou aconselhamento de liderança. Impressionante, não?
A presença de um treinador, altamente capacitado,
com uma visão externa ao
campo de jogo – no mundo
dos negócios, que olha a corporação sem estar inserido
na rotina dela – é algo tão
importante quanto o talento dos seus atletas, ou dos
seus gestores, na perseguição
pelos melhores resultados.
Naturalmente, as conquistas são mais lembradas do que a preparação.
Seja nos resultados das empresas, seja nos pódios, é
evidente que a história registra apenas uma foto do
gran finale – o ouro, o posto
mais alto, o lucro, a meta
atingida por uma equipe ou
por uma empresa. Em seu
livro, “Transformando suor
em ouro”, Bernardo Rocha
Rezende contraria esta lógica. Bernardinho, técnico
de vôlei, famoso por seu rol
de conquistas entre as quais
estão impressionantes cinco
medalhas olímpicas, defende que “Quanto mais você
sua no treino, menos sangra no campo de batalha”.
Em outras palavras: mais
importante que a foto da
vitória, é o filme do preparo,
de todo o esforço que nos
leva até ela.
Um treinador não entra em
campo, não joga, mas qualquer um de nós estranharia
ver uma equipe em uma fi-
nal de campeonato, na luta
pelo título, sem um técnico.
Seria uma cena no mínimo
inusitada, não é mesmo? Por
que acreditaríamos então que
nas empresas seria diferente? Tratemos a partir de agora uma empresa como uma
equipe, ou como um atleta
de alto rendimento. Se assim
pensarmos, veremos que em
todas etapas de sua vida, de
sua estrada até o sucesso, a
importância de um treinador não é algo a se ignorar.
Em “O Mito Empreendededor”, Michael Gebber, descreve bem as fases da vida
de uma empresa – infância,
adolescência e maturidade.
A infância, para o autor, é
o momento de nascimento do empreendimento e
do espírito empreendedor
de seu proprietário. Nesta etapa a empresa evolui,
afinal de contas, em quase
100% dos casos, pois o dono
é o faz tudo e tem tempo
para isso. Ele conhece bem
o segmento de mercado, por
isso escolheu empreender
nele. O fluxo de clientes ainda é baixo, sendo assim, o
empreendedor da empresa
infantil, consegue dar conta de ‘bater o escanteio e
correr para cabecear’. É ele
quem atende, quem vende,
quem cuida do caixa da empresa. Tudo tem a cara e
o toque dele. Muitas vezes
até o nome, por exemplo:
“Lanches do João”.