Revista Sesvesp Ed. 99 - Janeiro / Fevereiro 2011 | Page 46
ARTIGO
O Espaço da Aparência e o
Poder
O
Carlins Ferraz dos
Santos
Mestre em Psicologia
Educacional,
MBA – Executivo em
Gestão Estratégica Empresarial pelo
NAIPPE/USP;
Graduado em
Administração de
Empresas,
Psicanalista,
Empresário.
“Se quiser
por à prova
o caráter de
um homem,
dê-lhe poder.
(Abraham
H.Maslow)
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poder é sempre, como diríamos hoje, um potencial de poder, não uma entidade imutável,
mensurável e confiável como força. Enquanto a força é a qualidade natural de um indivíduo isolado, o poder passa a existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece
no instante em que eles se dispersam. Por isso as entidades de classes, sindicatos, associações
são muito importantes. Devido a esta peculiaridade, que possui em comum com todas as potencialidades que podem ser efetivadas, mas nunca inteiramente materializadas, o poder tem
espantoso grau de independência de fatores materiais, sejam estes números ou meios.
A história de David e Golias só é verdadeira como metáfora; o poder da minoria pode
ser superior ao da maioria, mas, na luta entre dois homens, o que decide é a força, não o
poder; e a sagacidade, isto é, a força mental, contribui materialmente para o resultado não
menos que a força muscular.
O que mantém unidas as pessoas depois que passa o momento fugaz da ação (aquilo que
hoje chamamos de organização) e o que elas por sua vez, mantêm vivo ao permanecerem
unidas é o poder, quer você creia ou não. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não
participa dessa convivência, renuncia ao poder e se torna impotente, por maior que seja a
sua força e por mais válidas que sejam suas razões.
Tancredo Neves nos revela que “O processo ditatorial, o processo autoritário, traz consigo o germe da corrupção. O que existe de ruim no processo autoritário é que ele começa
desfigurando as instituições e acaba desfigurando o caráter do cidadão.”
Montesquieu percebeu que a principal característica da tirania era que se baseava no
isolamento – o isolamento do tirano em relação aos súditos, e dos súditos entre si através
do medo e da suspeita generalizada – e que, portanto, a tirania não era uma forma de governo qualquer, mas contradizia a condição humana essencial da pluralidade, o fato de que
os homens agem em conjunto, que é a condição de todas as formas de organização política.
O que nos revela que, se de fato quisermos um mercado de segurança forte em suas estruturas e funcionamento, é extremamente necessário que tenhamos um sindicato unido,
participativo em todas as suas instâncias: “econômico-financeira, jurídica, política e por que
não dizer ideal-ética”. Portanto, só o poder pode efetivamente aniquilar a força, e por isso
a força combinada da maioria é ameaça constante ao poder.
Muitas vezes, as crenças que o indivíduo tem em alguma coisa, seja esta qualquer coisa, faz
com que ele deposite toda uma certeza, uma confiança inabalável no nada, no que não existe.
Veja este exemplo: suponha que você vê um diamante e, ao olhá-lo, você o toma por uma
imitaç