NOTÍCIAS FENAVIST
ANÁLISE DE DADOS NA SEGURANÇA PRIVADA
PRECISA SER FEITA COM PARCIMÔNIA
POR JEFERSON NAZÁRIO – PRESIDENTE DA FENAVIST
Ter informação qualificada e precisa
é fundamental para a sobrevivência
de qualquer empresa. Também é de
suma importância para os órgãos pú-
blicos que, a partir dos dados obtidos,
podem desenvolver políticas adequa-
das às necessidades da população.
Nesse sentido, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, o IBGE,
tem se destacado ao longo dos anos.
No entanto, em algumas áreas em
que há outras fontes de informações,
é preciso que haja um cruzamento de
dados para evitar distorções.
Isso é o que ocorre com a segurança
privada. Considerar apenas os dados
do IBGE ao se analisar o setor pode
representar um equívoco. As infor-
mações do instituto não levam em
consideração as especificidades do
segmento, tampouco os critérios es-
tabelecidos pela legislação do setor.
Recentemente, com base nas infor-
mações do IBGE, foram publicadas
informações de que o segmento de
segurança privada possuía mais de 7
mil empresas em 2017. Número com-
pletamente fora da realidade, se con-
siderado as autorizações concedidas
pela Polícia Federal (PF), órgão que
regulamenta e fiscaliza o setor.
De acordo com a Lei 7.1023, de
1983, são consideradas empresas de
segurança privada as companhias que
atendem os requisitos estabelecidos na
legislação, o que inclui uma autoriza-
ção oficial da PF. Logo, para o cálculo
das empresas aptas a atuarem, a fonte
de informação mais confiável é a pró-
pria Polícia Federal.
Desta forma, é preciso destacar que
o número correto de empresas de vi-
gilância e segurança privada no Brasil,
em 2018, era 2.694. Mesmo se fossem
consideradas as chamadas “empresas
orgânicas”, ou seja, companhias que
optam por não terceirizar o serviço e ter
em seus quadros vigilantes próprios, o
número total seria de 4.753.
Outro fator que pode ter contribuído
para essa enorme diferença é a inclu-
são de empresas de segurança eletrô-
nica. É preciso ressaltar que esse nicho
de mercado não é regulamentado ain-
da, portanto, não está dentro das ati-
vidades permitidas e regulamentadas
pela Lei 7.102.
Além disso, a conta feita a partir dos
dados do IBGE pode ter levado em
consideração o número de empresas
registradas nas juntas comerciais, o
que fez com que empresas clandesti-
nas, que não tem autorização da PF e
colocam em risco a vida da população,
também tenham sido contabilizadas.
Problema semelhante ocorreu na di-
vulgação do número de vigilantes.
Novamente, a discrepância salta aos
olhos. Segundo dados do IBGE, em
2017, seriam 659.439 vigilantes atuan-
do no segmento de segurança privada.
No entanto, informações do sistema de
registros da PF apontam que, somados
os vigilantes das empresas privadas e
os das empresas orgânicas, esse núme-
ro era de 604.746 no ano passado.
Diante do exposto algumas conclusões
ficam evidenciadas. Dados referentes
ao segmento de segurança privada não
podem ser contabilizados sem se levar
em consideração as especificidades da
atividade estabelecidas por lei.
No que se refere ao número de vigi-
lantes em exercício e quantitativo de
empresas, a fonte mais segura e cor-
reta é a Polícia Federal.
Por fim, o mínimo que deve ser feito
é o cruzamento de informações entre
as fontes disponíveis. Esse procedi-
mento possibilita a verificação das dis-
crepâncias. Esse trabalho é feito, por
exemplo, pela Federação Nacional das
Empresas de Segurança e Transporte
de Valores (Fenavist) no Estudo do
Setor da Segurança Privada (ESSEG).
O levantamento trabalha informações
da PF, IBGE, Ministério da Economia,
Receita Federal entre outros.
O ESSEG deve ficar ainda mais pre-
ciso a partir da próxima edição, isto
porque a Fenavist fechou uma parceria
com o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. Esse trabalho em conjunto
possibilitará uma análise ainda mais
precisa dos dados, proporcionando
mais informações às empresas e ao go-
verno, que terá como desenvolver po-
líticas de segurança pública com uma
visão mais clara do papel e da impor-
tância da complementariedade entre as
seguranças pública e privada.
Revista SESVESP
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