Revista Sesvesp Ed. 149 | Page 13

MATÉRIA DE CAPA institucional que garanta as finanças da República Brasileira. Esse fórum se reúne e observa os desempenhos", disse Guedes em entrevista coletiva. Haverá também redução de vários desembolsos setoriais O repasse do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalha- dor) para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cairá de 40% para 14%. Estão previstas medidas como a desindexação de receitas obrigatórias em caso de emergência fiscal (exceto benefícios previdenciários e BPC) e desvinculação de receitas públicas, com algumas exceções. Um gasto vinculado é aquele deve obrigato- riamente ir para um setor específico. Já um gasto indexado é reajustado automaticamente por uma medida como, por exemplo, a inflação ou o crescimento do PIB. Entre os novos instrumentos de controle, há previsão de estado de emergência fiscal em casos de pressão fiscal e financeira. Na União, ocorrerá quando o Congresso der aval para o descumprimento da Re- gra de Ouro – que impede o uso de recursos provenientes de dívida para o pagamento de despesas correntes. Isso ocorrerá nos estados e muni- cípios quando a despesa corrente Plenário da Câmara dos Deputados. ultrapassar 95% da receita corrente. O princípio básico que rege o paco- te vem da previsão de que os estados e municípios tenham à disposição os recursos que precisam para cumprir suas responsabilidades — que, por sua vez, serão ampliadas. Com isso, o governo pretende distanciar a de- cisão do alocamento de despesas de Brasília. Estados e municípios terão mais autonomia para decidirem para onde serão aplicados os recursos, mas também serão mais fiscalizados. A PEC EMERGENCIAL Seu texto apresenta uma versão mais concisa do que o pacto federa- tivo contempla. Nesse caso, trata-se de uma tática do governo para tentar aprovar com uma tramitação mais rápida no Congresso, antes do pacto federativo, mais complexo, ser apro- vado. A PEC Emergencial também estabelece mecanismos para que União, estados e municípios contro- lem seus gastos. A PEC Emergencial é dividida em duas partes: uma permanente e outra temporária. Elas determinam mudanças significativas nos regimes de contratação do serviço público. Entre outras questões, estabelece o uso do excesso de arrecadação e do superávit para pagar a dívida pública. Reconfigura benefícios tributários, com reavaliação a cada quatro anos e limite de 2% do PIB a partir de 2026 Na parte das medidas temporá- rias, a PEC Emergencial antecipa os chamados gatilhos do teto de gastos. Entre as medidas contidas nesta proposta estão a autorização de redução proporcional de jorna- das e salários de servidores públi- cos em até 25%. Outro ponto po- lêmico impede reajustes salariais para servidores públicos, membros dos três poderes e militares. Tam- bém proíbe a criação de qualquer cargo ou função que resulte em um aumento dos gastos; paralisa mudanças de estrutura de carreira que elevem os gastos; congela- mento contratações e concursos públicos, exceto para posições de chefia e de direção que não au- mentem a despesa. O pacote também prevê o blo- queio de novos auxílios, bônus e benefícios para servidores públicos, membros dos três poderes e milita- res. Veda a criação de novos gastos obrigatórios e impede o reajuste de despesas obrigatórias acima da in- flação. Mas as medidas de restrição à promoção e à progressão funcio- nal não valerão da mesma forma para todas as categorias; entre as exceções estão membros do judiciá- rio, militares e policiais. A PEC DOS FUNDOS A PEC dos Fundos foi prevista extinguir a grande parcela dos 281 fundos públicos que, segundo o governo, retêm cerca de R$ 220 bi- lhões. Seu principal objetivo é liberar recursos que antes tinham um desti- no predeterminado. Com a mudança, esses valores seriam destinados ao pagamento da dívida pública, além de investimentos em programas de erradicação da pobreza e de infraes- trutura. A intenção é a de que a maior parte dos fundos seja extinta até dois anos após a aprovação e promulga- ção do projeto no Congresso. Revista SESVESP 13