Revista Sesvesp Ed. 149 | Page 12

MATÉRIA DE CAPA UM ESTADO EM REFORMA Ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro Paulo Guedes (Econo- mia) e o presidente Jair Bolsonaro apresentaram ao Congresso um pacote de medidas cuja proposta consiste em reformular as contas do governo em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Finalmente apresentada no início do novembro, a iniciativa é complexa e deve, segun- do o governo, ser votada de forma “fatiada”. Composto por três PECs (Pro- postas de Emenda à Constituição), o Chamado de Plano Mais Brasil é formado por umo pacto federativo, a PEC emergencial e a PEC dos fundos. Por tratarem de alterações no texto da Constituição, as pro- postas precisarão ser aprovadas em dois turnos tanto no Senado como 12 Revista SESVESP na Câmara. Em cada plenário, serão necessários três quintos dos votos para aprovação; 49 de 81 senadores e 308 de 513 deputados. O plano de Bolsonaro e Guedes visa continuar a agenda de sua equi- pe econômica, cujo principal marco ocorreu na a aprovação da reforma da Previdência, em outubro último. Um dos seus objetivos centrais é ata- car o deficit fiscal brasileiro, que vem crescendo ano a ano. O governo gas- ta mais do que arrecada desde 2014. Além disso, os gastos com juros da dívida pública são crescentes. O pacote do ministro Paulo Guedes contempla três s frentes de atuação: redução de despesas, desvinculação de gastos públicos e maior autonomia aos estados e mu- nicípios. A PEC do pacto federativo altera a forma como são distribuídos os recursos e despesas entre os três níveis do poder público: União, estados e municípios. O Planalto quer aumentar o repasse aos demais entes federados e, com isso, aumen- tar também a autonomia deles para que possam decidir como usar esses recursos. Em contrapartida, estados e municípios passariam e sofrer um monitoramento mais profundo sobre seu controle de gastos. Na esteira desse projeto segue uma lista pesada de mudanças, como a unificação dos pisos previs- tos em lei para gastos com saúde e educação. Nos estados, os 25% da receita proveniente de impostos e transferências destinados à educa- ção e os 12% destinados à saúde serão transformados em um piso único de 37%. Nos municípios, os 25% para educação e os 15% para saúde viram 40% para ambos. Também foi proposta a extinção de municípios com menos de 5 mil habitantes e que arrecadam me- nos de 10% da sua receita total na própria cidade. Em outra mudança importante, o pacote refaz a dis- tribuição dos recursos do pré-sal. Pelas contas do governo, estados e municípios deverão receber com isso R$ 400 bilhões. Mas a partir de 2026, a União não poderá mais socorrer governos locais que estive- rem em situação financeira difícil. CONSELHO FISCAL DA REPÚBLICA Uma das medidas mais caras ao ministro Paulo Guedes é a criação de um Conselho Fiscal da Repú- blica. Trata-se de uma instituição com representantes dos três poderes, para zelar pelas contas públicas da União, estados e municípios. A ideia do ministro é de que ele irá se reunir a cada três meses para examinar a situação fiscal todos os entes. "Pre- cisamos consolidar um novo marco