PESQUISA
Poder Judiciário, quem já foi autor
ou réu, quem já litigou, faz uma
avaliação melhor do que aquele
que não litigou. Isso sugere que o
serviço está sendo prestado com
alguma qualidade. Ao mesmo tem-
po pode estar havendo uma falha
de comunicação com aquele que
não usou o Poder Judiciário", disse
o ministro do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) e coordenador da
pesquisa, Marco Aurélio Bellizze.
Entre os que já foram usuários
do Poder Judiciário em alguma
ocasião, 53% disseram confiar e
25% apresentaram avaliação ótima
ou boa. Esses percentuais caem
respectivamente para 51% e 19%
entre as pessoas que nunca fizeram
uso das esferas judiciais.
Belizze também listou algumas
medidas que podem melhorar a
imagem do Judiciário. "A lentidão
é apontada como o principal pro-
blema. Não é um problema exclusi-
vamente brasileiro, mas nós temos
que tentar equacionar a questão da
demanda. A demanda é ilimitada
e os recursos são limitados. Então
como prestaremos um serviço em
que a demanda aumenta a cada ano
e os recursos diminuem? Precisa-
mos informatizar, usar inteligência
artificial, criar campanhas eluci-
dativas. Precisamos que os órgãos
de prestação de serviço público
também cumpram sua função para
que não venha tudo ser decidido no
Poder Judiciário."
Os entrevistados também foram
perguntados sobre como se sentem
em relação ao Judiciário e lhes
foram apresentadas uma lista de
adjetivos como possibilidade de
respostas. Era possível selecionar
até duas palavras. A mais escolhi-
da foi preocupado, opção de 45%
das pessoas. Os outros três mais
selecionados foram esperançoso
(25%), envergonhado (25%) e
indignado (24%).
Além da apresentação do es-
tudo, foi inaugurado o Centro
de Inovação, Administração e
Pesquisa do Judiciário da FGV
que ficará sob coordenação do
professor da instituição e tam-
bém ministro do STJ, Luis Felipe
Salomão. Presente no evento, o
governador do Rio de Janeiro,
Wilson Witzel, propôs uma dis-
cussão sobre a execução fiscal e
cível. "Essa pesquisa vai ajudar a
sinalizar a necessidade de se me-
lhorar a execução que, no Brasil,
é hoje nosso calcanhar de aquiles.
Sem uma execução eficiente, não
adianta entregar uma sentença
linda e maravilhosa. Não dá pra
demorar 10 anos para executar
aquilo que é de direito", avaliou.
CONFIANÇA
O estudo também mediu os
índices de confiança em outros
segmentos: 66%, por exemplo,
disseram confiar na Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB),
enquanto apenas 14% afirmaram
o mesmo sobre os partidos po-
líticos. Na segurança pública, o
índice de confiança no Corpo de
Bombeiros atinge 91%, superan-
do a da Polícia Civil (64%) e da
Polícia Militar (59%). A religião
também foi testada: 63% mani-
festaram confiar na Igreja Católi-
ca e 49% na Igreja Evangélica.
Para os meios de comunicação,
todas as respostas revelaram que há
mais desconfiança do que confian-
ça. Foram 53% de pessoas dizendo
não confiar em jornais e revistas.
Além disso, 59% desconfiam da
televisão, 68% dos sites e blogs e
72% das redes sociais.
Revista SESVESP
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