Revista Sesvesp Ed 147 | Page 20

PALESTRAS - ENESP BRASIL GASTA R$ 85 BILHÕES POR ANO EM SEGURANÇA PÚBLICA GOVERNO, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E INICIATIVA PRIVADA PRECISAM ATUAR DE FORMA INTEGRADA PARA COMBATER A CRIMINALIDADE, PROPÕE RENATO SÉRGIO DE LIMA, DO FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA A abertura dos debates do Enesp Sudeste trouxe um quadro que aponta a desarticulação entre as diversas instituições, públicas e pri- vadas, que cuidam da segurança no Brasil. O tema, primeiro do encon- tro, foi apresentado pelo pesquisa- dor Renato Sérgio de Lima, do De- partamento de Gestão Pública da FGV EAESP SP, e buscou mostrar as possíveis saídas para os dilemas da gestão da segurança e a impor- tância que a iniciativa privada pode exercer nesse processo. O palestrante, também diretor- -presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, teve como mote o desafio da governança nas novas perspectivas da segurança pública e privada no país. Nesse sentido, expôs aos presentes os dados levantados pelo Fórum em um trabalho realiza- do em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). “O setor privado tem o papel im- portante de passar, em termos de par- ceria, que regras de boa governança são as melhores ferramentas para administrar e a segurança e reduzir a violência no Brasil”, pontuou Lima. Na avaliação do pesquisador, a falta de articulação entre os atores envolvidos dificulta a gestão do sis- tema. Há no país 1.400 instituições com atribuição legal relacionada à segurança, sem que haja um siste- ma legal que garanta a cooperação. A despeito das tentativas em curso, 20 Revista SESVESP Renato Sérgio de Lima. como a Senasp (Secretaria Nacio- nal de Segurança Pública), órgão criado há mais de 20 anos para desenvolver uma política nacional de segurança pública, a integração ainda não se consolidou. Em 2012, com a instituição do Sinesp (Sistema Nacional de In- formações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas), inicia- ram-se projetos para a coleta auto- matizada de dados e a integração dos sistemas estaduais de registro de ocorrências policiais. Mas a adesão ao sistema é opcional. Lima aponta que o Brasil ainda vive uma situação pouco confortá- vel em relação à violência. Dados do Atlas da Violência, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segu- rança Pública e Ipea, apontam a ocorrência de 65 mil homicídios em 2018, com uma taxa de 31,6 crimes por 100 mil habitantes. Nos últimos 17 meses, porém, ocorreu queda de 11% no índice. Uma boa notícia, mas que ainda mantém o país em um patamar próximo ao da Venezuela e acima do México e da Colômbia, por exemplo. A violência parece ter sido na- turalizada no país, de acordo com o pesquisador, ao citar os mais de 60 mil estupros por ano e 221 mil ocorrências de violência domésti- ca. Apesar das estatísticas desfa-