JANELAS QUEBRADAS
das janelas quebradas. A teoria é
que existe relação entre desordem
e a criminalidade. Crimes menores
ajudam a criar uma atmosfera de
ilegalidade.
“Basicamente, se tem um veículo
ou um prédio e alguém quebra a
janela, sem que ninguém a conserte,
você manda a mensagem de que
ninguém se importa”, pontuou Al-
fonso. “Depois de quebrar, alguém
chega para grafitar, depois farão
xixi no local, surgirão os viciados
em drogas. As pessoas que com-
pram drogas tendem a roubar na
redondeza para poder comprar os
entorpecentes. Um efeito dominó
onde não consertar o mais rápido
possível vai agravar a situação”,
argumentou o especialista.
As mudanças ocorridas em Nova
York com base nesse conceito envol-
veram ações que vão além da seguran-
ça pública clássica. A prefeitura passou
a priorizar os pequenos problemas da
cidade, como o lixo nas ruas, queda de
árvores e falta de iluminação. Os po-
liciais passaram a atuar cada vez mais
a pé, de forma se aproximarem da
comunidade para ganhar a confiança.
“Como policial, eu podia me apro-
ximar de uma pessoa e falar para ela
parar de fazer um ato ilegal. Se hou-
vesse uma reincidência, eu a pren-
deria. Então, não era uma tolerância
zero realmente”, avalia Alfonso.
Outro ponto importante de inova-
ção veio do chamado CompStat, es-
tatísticas por computador. Elas foram
unificadas na cidade para apontar as
tendências de crimes e onde eram
mais frequentes. Os chefes de todas
as delegacias passaram a manter reu-
niões periódicas nas quais discutiam
o status de cada região da cidade e
quais ações poderiam ser realizadas.
A busca de valorização da cidade
deu origem à criação dos Business
Improvement Districts, áreas de me-
lhoria para negócios, que geralmente
funcionavam em regiões deterioradas.
Era uma parceria com empresários,
que disponibilizavam a contratação de
agentes de segurança e de pessoal de
limpeza para manutenção constante. A
polícia decidiu equipar esses trabalha-
dores com rádios que os conectavam
diretamente com as patrulhas, uma
medida que surtiu efeito na maior rapi-
dez do atendimento a ocorrências.
A integração entre a comunidade,
os planos de recuperação urbana e a
sensação de que sempre haveria alguém
observando e reportando a atividade
criminosa contribuíram decisivamente
para inibir a violência, pondera Alfonso.
“Mandamos uma mensagem: o
comportamento não adequado não
vai mais ser permitido. Hoje, o
Bronx tem um jardim botânico e um
jardim zoológico, um ginásio de es-
portes famoso e a sede do Yankees,
nosso mais famoso time de futebol.
De uma das áreas mais violentas
dos Estados Unidos, é hoje uma das
mais seguras, transformado em um
novo ponto turístico de Nova York”,
ressaltou o ex-policial.
Janelas quebradas chamou muita atenção do público durante o encontro.
Revista SESVESP
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