CENÁRIO POLÍTICO
ELEIÇÃO AVANÇA E INDEFINIÇÃO PERMANECE
A MENOS DE DOIS MESES DO PLEITO A INCERTEZA AINDA RONDA AS CAMPANHAS
As eleições brasileiras de 2018 se apresentam ao eleitor como um ponto fora da curva . Em nenhuma disputa recente o quadro permaneceu tão nebuloso como o atual , a apenas dois meses do pleito , que terá seu primeiro turno em 7 de outubro . As principais candidaturas já estão registradas e até já ocorreram debates na TV , mas o cenário se mantém com pouca variação na preferência do eleitorado . A mais recente pesquisa , produzida pelo Instituto MDA , aponta pouca alteração em relação ao que já vinha ocorrendo há meses . O levantamento , encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes , restringiu seu foco ao Estado de São Paulo . Foram ouvidas 2.002 pessoas em 75 municípios paulistas , entre os dias 2 e 5 de agosto . Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) lidera , com 21,8 % das intenções de voto , seguido de Jair Bolsonaro ( PSL ), com 18,4 %, e Geraldo Alckmin ( PSDB ), com 14 %. Na sequência , aparecem Marina Silva ( Rede ), com 6,7 %, e Ciro Gomes ( PDT ), com 5 %. Os demais candidatos obtiveram menos de 2 % de intenção de votos . O MDA analisou também um cenário com Haddad no lugar de Lula . A dianteira passa a Bolsonaro ( 18,4 %), seguido por Alckmin ( 15 %), Marina Silva ( 8,4 %), Haddad ( 8,3 %) e Ciro Gomes ( 6 %). Os principais analistas políticos apontam que a disputa tende a se afunilar para uma candidatura à esquerda e outra à direita . No campo conservador , Bolsonaro ainda lidera , mas Alckmin acumula mais apoios de partidos políticos , recursos financeiros e tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV . A expectativa é de que essa parcela do eleitorado se defina por influência da propaganda eleitoral na mídia , que começa em 31 de agosto e prossegue até 4 de outubro . E , nesse campo , Alckmin terá vantagem com mais de cinco minutos diários de exposição televisiva , contra nove segundos de Bolsonaro . Na ala da centro-esquerda , não se sabe qual candidato irá herdar o espólio eleitoral de Lula , que tende a ser impedido de concorrer pelas restrições da Lei da Ficha Limpa . O atual candidato a vice , o ex-prefeito Fernando Haddad , deverá substituir Lula e ter a deputada
Manuela D ’ Ávila , do PCdoB , com sua vice . Mas ainda restam dúvidas se os votos petistas seguirão para o nome escolhido pelo partido ou se migrarão para outras candidaturas esquerdistas . Recentemente , o PT articulou uma manobra política para enfraquecer a campanha de Ciro Gomes ( PDT ), que tentava obter apoios de outros partidos de centro-esquerda e , assim , se consolidar como o principal concorrente desse campo político . Mas um acordo firmado pelos petistas com o PSB impediu essa sigla de aliar-se a Ciro , em troca de apoio político para diversas campanhas por governos estaduais . Ainda é incerto se essa estratégia funcionará e se o PT conseguirá captar a maioria dos votos da esquerda para Haddad .
DEBATE ELEITORAL
O primeiro debate eleitoral da disputa à presidência da República , realizado pela TV Bandeirantes , no último dia 9 de agosto , teve como característica a postura dos candidatos de evitar confrontos diretos e polêmica . O PT não teve representan-
6 Revista SESVESP