CONJUNTURA
‘’A economia é
um grande
eleitor do
Governo
Temer. Mas é
evidente que
novos fatos e
delações pode-
rão mudar este
cenário’’.
Fernando Schuler
dadosa, isenta de juízos subjetivos e viés
político ou ideológico.
Segundo Schuler, o Brasil nos últimos
anos se tornou uma democracia instável.
‘’O respeito à lei, às “regras do jogo”,
como costumava enfatizar Norberto Bob-
bio, é à base da convivência democráti-
ca. Eu acrescentaria: e de uma cultura da
moderação. Certa disposição para a con-
vergência e o consenso que me parece que
está faltando na democracia brasileira atual.
FORÇA DO GOVERNO NO
CONGRESSO DEVE SEGURAR TEMER
A aprovação do governo de Michel Te-
mer, segundo os principais institutos de
pesquisa, está em 7% - menor índice desde
1989 - quando o então presidente José Sar-
ney tinha 5% de popularidade, no meio da
crise da hiperinflação, e ainda que muitos
cientistas e especialistas políticos tenham
cravado a queda do pemedebista, fato é
que Temer, através de articulações, resiste
na Presidência da República. Para Fernan-
do Schuler, pelo menos em curto prazo, a
tendência é que ele siga no cargo. Benefi-
ciado, também, pela economia.
‘’Não vejo este cenário (impeachment
de Temer), ao menos para o curto prazo.
Por três razões: o Governo tem mostrado
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Revista SESVESP
força no Congresso. Mostrou isto na vota-
ção da reforma trabalhista, e recentemente
na votação do parecer de Sérgio Zveiter na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
da Câmara; a oposição está bastante fra-
gilizada, sem capacidade de liderar movi-
mentos de rua; por fim, a economia vem
apresentando sinais de recuperação’’, diz
Schuler.
As recentes pesquisas apontam a infla-
ção como a mais baixa da última década,
queda de juros e até mesmo uma discreta
queda do desemprego, que chegou a atin-
gir mais de 14 milhões de brasileiros. ‘’A
economia é um grande eleitor do Governo
Temer. Mas é evidente que novos fatos e
delações poderão mudar este cenário’’.
O fortalecimento da economia também
pode ter influência no comportamento da
população em relação ao pemedebista.
Ainda que Temer seja alvo de críticas e
questionamentos constantes, principal-
mente após as acusações de corrupção pas-
siva, há uma ampla diferença de postura
se comparado com a ex-presidente Dilma
Rousseff, que sofreu com inúmeras mani-
festações públicas.
‘’A primeira razão para essa mudança
de postura se dá na recuperação econômi-
ca, ainda que discreta. À época do impea-
chment de Dilma, o PIC caía mais de 3%
e a inflação chegava aos dois dígitos. Ha-
via uma sensação de desastre econômico
à frente. Isto influenciou o juízo do Con-
gresso Nacional. Havia um esgotamento
político do bloco político liderado pelo PT.
Havia a percepção de existir uma alternati-
va, a possibilidade de uma forte renovação
da vida pública, o início de um novo ciclo.
Hoje simplesmente não há esta perspecti-
va’’, menciona.
Para ele, o governo Temer é sim uma
frustração, ainda que parcial, mas tem sido
capaz de conduzir reformas importantes,
como a PEC do teto do gasto público e a
reforma trabalhista, e tem liderado a reto-
mada econômica do País, ainda que, por
certo, muito lenta. ‘’Isto tudo faz com que
as pessoas alimentem um “descontenta-
mento passivo” em relação ao Governo’’.
Com um governo de transição e a proxi-
midade das eleições em outubro de 2018,
a tendência é de que Michel Temer perma-
neça no poder. ‘’Muita gente avalia que
seria um desgaste desnecessário [saída de
Temer] uma nova transição, em tão pouco
tempo. Não digo que é o melhor raciocí-
nio, mas ele pesa, realisticamente, no juízo
de muitas pessoas’’, encerra.
Resta aguardar. ■