Revista Sesvesp Ed. 135 | Page 12

CONJUNTURA ‘’A economia é um grande eleitor do Governo Temer. Mas é evidente que novos fatos e delações pode- rão mudar este cenário’’. Fernando Schuler dadosa, isenta de juízos subjetivos e viés político ou ideológico. Segundo Schuler, o Brasil nos últimos anos se tornou uma democracia instável. ‘’O respeito à lei, às “regras do jogo”, como costumava enfatizar Norberto Bob- bio, é à base da convivência democráti- ca. Eu acrescentaria: e de uma cultura da moderação. Certa disposição para a con- vergência e o consenso que me parece que está faltando na democracia brasileira atual. FORÇA DO GOVERNO NO CONGRESSO DEVE SEGURAR TEMER A aprovação do governo de Michel Te- mer, segundo os principais institutos de pesquisa, está em 7% - menor índice desde 1989 - quando o então presidente José Sar- ney tinha 5% de popularidade, no meio da crise da hiperinflação, e ainda que muitos cientistas e especialistas políticos tenham cravado a queda do pemedebista, fato é que Temer, através de articulações, resiste na Presidência da República. Para Fernan- do Schuler, pelo menos em curto prazo, a tendência é que ele siga no cargo. Benefi- ciado, também, pela economia. ‘’Não vejo este cenário (impeachment de Temer), ao menos para o curto prazo. Por três razões: o Governo tem mostrado 12 Revista SESVESP força no Congresso. Mostrou isto na vota- ção da reforma trabalhista, e recentemente na votação do parecer de Sérgio Zveiter na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara; a oposição está bastante fra- gilizada, sem capacidade de liderar movi- mentos de rua; por fim, a economia vem apresentando sinais de recuperação’’, diz Schuler. As recentes pesquisas apontam a infla- ção como a mais baixa da última década, queda de juros e até mesmo uma discreta queda do desemprego, que chegou a atin- gir mais de 14 milhões de brasileiros. ‘’A economia é um grande eleitor do Governo Temer. Mas é evidente que novos fatos e delações poderão mudar este cenário’’. O fortalecimento da economia também pode ter influência no comportamento da população em relação ao pemedebista. Ainda que Temer seja alvo de críticas e questionamentos constantes, principal- mente após as acusações de corrupção pas- siva, há uma ampla diferença de postura se comparado com a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu com inúmeras mani- festações públicas. ‘’A primeira razão para essa mudança de postura se dá na recuperação econômi- ca, ainda que discreta. À época do impea- chment de Dilma, o PIC caía mais de 3% e a inflação chegava aos dois dígitos. Ha- via uma sensação de desastre econômico à frente. Isto influenciou o juízo do Con- gresso Nacional. Havia um esgotamento político do bloco político liderado pelo PT. Havia a percepção de existir uma alternati- va, a possibilidade de uma forte renovação da vida pública, o início de um novo ciclo. Hoje simplesmente não há esta perspecti- va’’, menciona. Para ele, o governo Temer é sim uma frustração, ainda que parcial, mas tem sido capaz de conduzir reformas importantes, como a PEC do teto do gasto público e a reforma trabalhista, e tem liderado a reto- mada econômica do País, ainda que, por certo, muito lenta. ‘’Isto tudo faz com que as pessoas alimentem um “descontenta- mento passivo” em relação ao Governo’’. Com um governo de transição e a proxi- midade das eleições em outubro de 2018, a tendência é de que Michel Temer perma- neça no poder. ‘’Muita gente avalia que seria um desgaste desnecessário [saída de Temer] uma nova transição, em tão pouco tempo. Não digo que é o melhor raciocí- nio, mas ele pesa, realisticamente, no juízo de muitas pessoas’’, encerra. Resta aguardar. ■