Revista Sesvesp Ed. 132 | Page 14

MERCADO

O

ano de 2016 não foi fácil para nenhum segmento, principalmente para as empresas privadas. Foi marcado por uma forte crise política e, principalmente, econômica. Houve retração significativa do PIB, aumento de inflação, desemprego e também a taxa cambial. Entre os setores afetados pelo cenário de instabilidade, as instituições de Segurança Privada não ficaram fora disso. Em entrevista, o consultor econômico do SESVESP, Eurípedes Abud, falou sobre o assunto.
Para ele, não há a menor dúvida de que a crise econômica afetou diretamente o crescimento no setor de Segurança Privada.“ A despeito da penetração cada vez maior
Eurípedes Abud, consultor econômico do SESVESP

PERSPECTIVAS POSITIVAS SEGUEM PARA 2018

ACOMPANHANDO A CRISE ECONÔMICA, SETOR DE SEGURANÇA PRIVADA TEM QUEDA NO INVESTIMENTO
da segurança feita através de recursos eletrônicos, ainda há uma grande preponderância de serviços de segurança prestados diretamente por vigilantes. Nestas condições, sendo o segmento da Segurança Privada um intensivo empregador de mão de obra, o seu custo significa igualmente um custo direto mensal para os tomadores de serviço. Desta forma, os grandes tomadores de serviço públicos e privados, representados pelos governos em todas as suas esferas, pelas instituições financeiras, indústrias, comércio, condomínios, etc., ao cortarem os custos fixos para fazer frente à situação de crise, atingiram diretamente a‘ rubrica’ da segurança”, explica.
Com esta medida de proteção‘ financeira’ dos grandes tomadores, o crescimento do setor, assim como o PIB brasileiro, apresentou decréscimo durante o ano passado, uma vez que foram muitos os pedidos de cortes de serviço. E o segmento certamente foi um dos contribuintes à elevação da taxa média geral de desemprego do país.
Quanto ao desemprego, a crise afetou também a formação de novos vigilantes. As empresas de formação tiveram uma queda substancial na procura por cursos de formação e de reciclagem. No entanto, para Abud, paradoxalmente, os momentos de crise representam oportunidades para as empresas em geral, inclusive em nosso segmento, na qualificação de suas equipes.“ Aqui não se fala somente da equipe de vigilantes, mas de todas as áreas da empresa. Com a elevada taxa de desemprego, há sempre um contingente de profissionais qualificados flutuando no mercado em busca de novas oportunidades e, com uma adequada seleção e recrutamento, as empresas podem rearranjar seus times com custos até mesmo inferiores”.
Já em relação ao faturamento das empresas de segurança, Eurípedes Abud revela que foi um reflexo do ano ruim.“ Especialmente no Estado de São Paulo, as empresas de segurança começaram o ano de 2016 sob a égide do Decreto Estadual n º 61.785, de 5 de janeiro de 2016, o qual suspendeu pagamentos e definiu diretrizes de alteração unilateral dos contratos, visando a redução de custeio da máquina estadual. Tais medidas foram também seguidas pelos tomadores de serviço privado e as empresas certamente perderam faturamento. Assim, raríssimas são as exceções de empresas que conseguiram ao menos manter o faturamento, compensando as perdas com elevação das vendas”.
Apesar de ser difícil projetar o quadro econômico para este ano, Abud acredita que a tendência, ao analisar a situação política, é que a trajetória na queda de juros permaneça, ainda que gradual, e completa:“ Associando-se a este cenário de queda gradual de juros, com uma retomada dos investimentos públicos e privados, achamos que é possível prever uma lenta recuperação a partir do segundo semestre de 2017. Nossa perspectiva é a de que, compensados um semestre com o outro, ao final tenhamos um ano de 2017, no cômputo geral, ainda de estagnação para o segmento da Segurança Privada. A nosso ver, um crescimento efetivo e mais sustentado, porém, ainda tímido em tamanho, somente será percebido a partir de 2018”.
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