ENTREVISTA
José Pastore
José Pastore
VIVEMOS UM MOMENTO DE
DESTRUIÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO
JOSÉ PASTORE LAMENTA SITUAÇÃO RELATIVA AO EMPREGO E VÊ DEPRECIAÇÃO NAS
NEGOCIAÇÕES TRABALHISTAS
“O BRASIL TEM PROBLEMAS CRÔNICOS
nas relações do trabalho”. Com essa frase
o professor José Pastore, especialista em
pesquisa, ensino e consultoria nas áreas
de relações do trabalho, emprego, recursos
humanos e desenvolvimento institucional
pela Universidade de São Paulo, iniciou sua
palestra no Sesvesp para uma atenta plateia
composta de empresários e trabalhadores
que atuam na Segurança Privada.
Além das questões que envolvem a abordagem trabalhista, Pastore traçou o cenário
atual do mercado com base nos números do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e lamentou os mais de
12 milhões de desempregados no país, “o
que não é nada bom... são 12 milhões de
empregos destruídos”, sentenciou. Somadas as atividades de Serviços e Comércio
perderam mais de 700 mil vagas de trabalho
e, segundo o especialista, esse número ainda pode crescer. “O que chama a atenção é
que mesmo a informalidade não consegue
suportar uma forte demanda de desemprego
formal e já começa a dar sinais de dificul14
Revista SESVESP
dades”, exemplificando o cenário ruim da
economia nacional.
Segundo Pastore, essa situação gera graves problemas sociais com reflexo para as
famílias que dependem da força produtiva
como forma de financiar as próprias vidas.
Como consequência os pagamentos das casas, aluguéis, veículos começam a se acumular e tudo fica no vermelho.
NEGOCIAÇÕES SALARIAIS
Nesse quadro sombrio as relações do
trabalho e negociações coletivas tendem a
ser muito difíceis. “Até 2015, o ganho real
nas negociações de salário eram referendadas com um ganho real, acima da inflação,
na ordem de zero ponto cinco percentual.
De 2015 para cá isso não aconteceu mais”,
ponderou. O professor disse que 42,6% das
negociações hoje têm reajustes abaixo do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC/IBGE) o que leva a crer em uma forte queda de massa salarial.
Para Pastore, uma das saídas está desenhada com uma política econômica séria,
com a aprovação da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 241, que cuida do
controle dos gastos do governo - o mesmo
ocorrendo com a reforma da Previdência
Social. “Sem falar na reforma trabalhista
que são urgentes e viáveis no momento atual”, ponderou.
RETOMADA
O professor José Pastore, com vários
títulos de doutorado e pós-doutorado fora
do país, disse ao final do encontro que em
havendo uma retomada econômica imediata tudo indica que os primeiros sintomas de
recuperação de postos de trabalho só sejam
percebidos em meados de 2017 e que a efetividade de tendência de recuperação pode
ser alcançada em 2018. Perguntado qual seria o percentual de recuperação se os investimentos iniciais do país fossem destinados
à infraestrutura para um processo de retomada econômica e consequente recomposição de vagas, ele afirmou categoricamente
que não tem como mensurar, “mas já seria
alguma coisa”, finalizou. ■