Revista Sesvesp Ed. 131 | Page 14

ENTREVISTA José Pastore José Pastore VIVEMOS UM MOMENTO DE DESTRUIÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO JOSÉ PASTORE LAMENTA SITUAÇÃO RELATIVA AO EMPREGO E VÊ DEPRECIAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES TRABALHISTAS “O BRASIL TEM PROBLEMAS CRÔNICOS nas relações do trabalho”. Com essa frase o professor José Pastore, especialista em pesquisa, ensino e consultoria nas áreas de relações do trabalho, emprego, recursos humanos e desenvolvimento institucional pela Universidade de São Paulo, iniciou sua palestra no Sesvesp para uma atenta plateia composta de empresários e trabalhadores que atuam na Segurança Privada. Além das questões que envolvem a abordagem trabalhista, Pastore traçou o cenário atual do mercado com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e lamentou os mais de 12 milhões de desempregados no país, “o que não é nada bom... são 12 milhões de empregos destruídos”, sentenciou. Somadas as atividades de Serviços e Comércio perderam mais de 700 mil vagas de trabalho e, segundo o especialista, esse número ainda pode crescer. “O que chama a atenção é que mesmo a informalidade não consegue suportar uma forte demanda de desemprego formal e já começa a dar sinais de dificul14 Revista SESVESP dades”, exemplificando o cenário ruim da economia nacional. Segundo Pastore, essa situação gera graves problemas sociais com reflexo para as famílias que dependem da força produtiva como forma de financiar as próprias vidas. Como consequência os pagamentos das casas, aluguéis, veículos começam a se acumular e tudo fica no vermelho. NEGOCIAÇÕES SALARIAIS Nesse quadro sombrio as relações do trabalho e negociações coletivas tendem a ser muito difíceis. “Até 2015, o ganho real nas negociações de salário eram referendadas com um ganho real, acima da inflação, na ordem de zero ponto cinco percentual. De 2015 para cá isso não aconteceu mais”, ponderou. O professor disse que 42,6% das negociações hoje têm reajustes abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) o que leva a crer em uma forte queda de massa salarial. Para Pastore, uma das saídas está desenhada com uma política econômica séria, com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que cuida do controle dos gastos do governo - o mesmo ocorrendo com a reforma da Previdência Social. “Sem falar na reforma trabalhista que são urgentes e viáveis no momento atual”, ponderou. RETOMADA O professor José Pastore, com vários títulos de doutorado e pós-doutorado fora do país, disse ao final do encontro que em havendo uma retomada econômica imediata tudo indica que os primeiros sintomas de recuperação de postos de trabalho só sejam percebidos em meados de 2017 e que a efetividade de tendência de recuperação pode ser alcançada em 2018. Perguntado qual seria o percentual de recuperação se os investimentos iniciais do país fossem destinados à infraestrutura para um processo de retomada econômica e consequente recomposição de vagas, ele afirmou categoricamente que não tem como mensurar, “mas já seria alguma coisa”, finalizou. ■