VERGONHA
e, mais tarde, foi ministra, quando a
quadrilha já operava. Isto é, seja por
ação, seja por omissão, ela é criminosa.
O ex-presidente Lula foi o maestro e o
artífice da ação dos “saqueadores”.
Diante de tanta tragédia para o
povo e na iminência de o juiz federal Sergio Moro, sobejamente amparado em robustas provas, decretar
a prisão preventiva de Lula, veio a
solução mágica para impedir a ação
da Justiça: “Nomeie Lula ministro e
ele voltará a ter foro especial, saindo
das garras de Moro”.
O que parecia piada de mau gosto,
transformou-se em dura realidade,
marcada para um ato solene e pomposo no Palácio do Planalto. Cerca
de 1.500 convidados estavam ali escalados, entre autoridades, artistas,
movimentos sociais – Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), União Nacional dos Estudantes (UNE) e minorias
– para venerar a volta do “guerreiro
do povo brasileiro”.
Quando me certifiquei da realização da cerimônia, tive um sentimento muito ruim e uma angústia de
pensar que acabou de vez, sentimento esse que tomou conta da esmagadora maioria do povo brasileiro.
Pensei: “Não posso estimular a
população a exigir seus direitos e
simplesmente me resignar diante do
inevitável. Eu vou lá dizer o que penso e sinto”.
Credenciei-me como parlamentar,
ingressei no palácio e, no momento
em que a presidente ia falar, explodi
em gritos o que sentia: “Vergonha,
Dilma, vergonha, Lula! Vocês fazem
o povo sentir VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA!”. A partir daí, as
imagens falam por si.
As agressões verbais e físicas que sofri não importam. Fiz meu papel e farei
tantas vezes quantas forem necessárias. Sou parlamentar com voto popular e não vão me impedir de ingressar
em qualquer órgão público e protestar.
Na Câmara dos Deputados e nas
ruas, tenho ação parlamentar, e contra bandidos NINGUÉM vai tirar meu
espírito policial.
O povo nas ruas
Fim de tarde em Brasília. Milhares
de pessoas saem do trabalho e de
casa, mães pegam os filhos na escola e caminham pela Esplanada dos
Ministérios até a frente do Palácio
da Alvorada, onde começam a gritar
“Fora Dilma”, “Fora corrupção”.
Todos os dias, voluntariamente,
muitos se deslocam para o gramado na frente do Congresso e exigem
uma posição pró-Brasil de deputados e senadores.
Nada ensaiado, nada pago, simplesmente a explosão de um sentimento.
Dia 13 de março, milhões de brasileiros foram às ruas.
Não foram praticar esporte nem
assistir ao show de um grande artista, tampouco passear como opção
de lazer, foram, sim, protestar contra
a corrupção, pedir a prisão de Lula,
gritar “Fora Dilma” e toda a sua corruptela, que se apossou até da esperança dos brasileiros.
Mais de 1 milhão e meio de pessoas na Av. Paulista, um dos princi-
pais cartões-postais da capital de
São Paulo. De mães com bebês de
colo a idosos quase centenários. Não
tem hora para acabar. Não tem um
momento especial, simplesmente
estou lá dizendo e sentindo “minha
bandeira é verde e amarela”.
Falei em sete carros de som e fui o
único político ovacionado pela multidão. Não vejo isso como uma vantagem, mas como reconhecimento à
coerência. Não fui para a manifestação
pedir votos, mas para dizer de peito
aberto que não troco minhas convicções por cargo, emendas parlamentares ou até ofertas menos republicanas
(propina e dinheiro sujo).
Uma coisa é certa: só ocorrerá o impeachment da presidente Dilma pela
pressão das ruas. Só não haverá um
“acordaço” – leia-se, acordo coletivo –,
porque a população brasileira acordou.
A Justiça se fará com muitas condenações, porque o povo está exigindo e a esperança ressurgirá pela força do orgulho de sermos brasileiros.
Revista SESVESP | 15