Revista Sesvesp Ed. 126 | Page 20

ANÁLISE SEGURANÇA FÍSICA E LÓGICA RUMO À SEGURANÇA INTEGRAL P TÁCITO AUGUSTO SILVA LEITE, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG) e security officer da Indra no Brasil 20 | Revista SESVESP esquisa recente realizada pelo Gartner aponta que as grandes empresas estão mais amadurecidas em relação à gestão e às práticas de governança de segurança da informação. Um sinal positivo, principalmente na era em que vivemos, a da internet, em que o acesso à informação está cada vez mais fácil e rápido. Mas, e a segurança física? Como as empresas entendem a relação e a distinção do que é física e lógica e como gerenciá-las de forma estratégica? A estratégia deve ser a mesma, e explico o porquê. Se criminosos desencadearem ações contra organizações no mundo cibernético, as consequências impactam o mundo real. Os controles necessários para mitigar os riscos relacionados a cada um desses ativos (virtual ou físico) podem ser diferentes, mas a forma de planejar deve ser semelhante. Por trás do universo virtual existem pessoas, e, simplesmente por esse fato, os riscos estão relacionados a elas. Coloco como exceção os fenômenos naturais, como enchente, terremoto, epidemias, entre outros. A própria norma ISO 27002 de 2013, da segurança da informação, também aborda a segurança física em uma de suas seções. Os conceitos largamente atribuídos à segurança da informação, como integridade, disponibilidade e confidencialidade, também podem ser atribuídos a outros ativos da organização. Uma empresa precisa da integridade e disponibilidade de seus funcionários e de suas instalações comerciais, por exemplo. Já a confidencialidade vai além dos sistemas computacionais. Quantos casos foram revelados por meio de conversas de corredor, no aeroporto ou em uma mesa de bar? Nessa linha de raciocínio, se não existir a integração das “seguranças”, o conhecimento dos funcionários, os processos e documentos impressos, por exemplo, fica- Por trás do universo virtual existem pessoas, e, simplesmente por esse fato, os riscos estão relacionados a elas riam sem proteção, pois hoje não está bem definido se estão no escopo de atuação de alguma dessas áreas de segurança. Mas continuam sendo ativos das organizações. Vivemos em uma sociedade do conhecimento e da informação, na qual muitas empresas atribuem mais valor a seus ativos intangíveis (conhecimento, imagem e capital intelectual) do que aos tangíveis. O crime organizado já percebeu essa tendência e está cada vez mais qualificado para atuar no mundo cibernético. A segurança das empresas precisa evoluir nesse sentido ou ficará obsoleta, inadequada e ineficiente. Por essa razão, a governança torna-se cada vez mais prioridade nas organizações, com a criação de uma única política de segurança, de normas, procedimentos e métodos de implantações, para que, posteriormente, seja mais fácil e eficiente auditar e verificar se essa área está em compliance com suas diretrizes. A segurança de uma organização se faz por meio da gestão dos riscos de forma integrada, sejam eles físicos, lógicos, financeiros, sejam de qualidade, de segurança do trabalho, de meio ambiente, entre outros. Por esse motivo, a segurança deve ser única, integral. Assim como os mundos cibernético e real são indissociáveis, a segurança também o deveria ser, a fim de garantir os objetivos da organização.