Revista Sesvesp Ed. 126 | Page 16

PENSATA JOGOS OLÍMPICOS PODEM DESFALCAR A SEGURANÇA PÚBLICA JEFERSON FURLAN NAZÁRIO Presidente da Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte de Valores (FENAVIST) F altando menos de um ano para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e outras capitais, alguns pontos importantes para o funcionamento do torneio mundial ainda não estão definidos. É o caso da segurança. No final da Copa do Mundo Fifa 2014, realizada no Brasil, soubemos que seriam contratados aproximadamente 16 mil profissionais de segurança privada para reforçar a segurança nos espaços e regiões envolvidos com a Olimpíada. Em março de 2015, o secretário da Secretaria Extraordinária de Segu16 | Revista SESVESP rança para Grandes Eventos (SESGE/ MJ), ligada ao Ministério da Justiça, Andrei Rodrigues, anunciou que os governos federal e estadual assumirão a segurança interna e patrimonial das 159 instalações olímpicas durante os Jogos Olímpicos de 2016. Com isso, ficou decidido que os milhares de seguranças particulares, que inicialmente fariam o trabalho, serão substituídos por forças policiais. A decisão foi duramente criticada pela nossa federação, pois tende a prejudicar o trabalho de patrulhamento das cidades durante a realização da Olimpíada e fragilizar a segurança pública no decorrer do evento. O Brasil conta com 700 mil profissionais de segurança privada ativos, com registro profissional emitido pela Polícia Federal e capacitações que autorizam, inclusive, o porte de arma. Esse recurso foi essencial para garantir a segurança na Copa do Mundo de Futebol de 2014. Sem esse aparato, os Jogos Olímpicos e, principalmente, a população perderão em segurança. Além da possibilidade de não haver segurança privada na competição, enfrentamos outro problema: o atraso na definição. As empresas ou os consórcios que estiverem certos de que vão trabalhar no evento se prepararão com antecedência para reunir pessoal, matricular profissionais em cursos especializados, preparar treinamentos de simulação e o que mais for necessário. Tais iniciativas de capacitação representam custos adicionais, que somente serão assumidos com a certeza da prestação dos serviços. O que não pode ocorrer é a população perder segurança pública durante a competição, quando temos serviços privados capacitados para suprir a demanda e garantir o bom funcionamento do evento Havendo planejamento e tempo hábil, o Brasil certamente não repetirá as sérias dificuldades em segurança enfrentadas na Olimpíada de Londres, em 2012, o que motivou a entrada de militares das Forças Armadas para garantir a segurança do evento. O que não pode ocorrer é a população perder segurança pública durante a competição, quando temos serviços privados capacitados para suprir a demanda e garantir o bom funcionamento do evento. A FENAVIST enviou uma carta ao secretário Andrei Rodrigues, que trata sobre a estratégia equivocada de não contar com a segurança privada nos Jogos Olímpicos de 2016. Uma reunião para discutir o assunto seria marcada, mas nenhum passo foi dado, e a incerteza sobre o funcionamento da segurança durante a competição ainda persiste.