Revista Sesvesp ED. 123 - 2015 | Page 9

iStock FISCALIZAÇÃO PROTEÇÃO DAS FRONTEIRAS O impacto dos cortes de gastos da Polícia Federal na segurança nos limites do país ainda é uma incógnita N o início do ano, o governo federal anunciou uma política de corte de gastos que, projetada para durar um ano, deve ajeitar as contas da casa. Embora já tenha sido definido quanto cada ministério terá de economizar por mês, ainda não se sabe como a contenção será repassada para cada área. Os meios de comunicação, porém, já vêm discutindo os reflexos do orçamento enxuto, dando atenção especial para a segurança nas fronteiras do país. Segundo o diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Oslain Santana, até agora nenhum corte foi repassado. “Nos últimos quatro anos, não ficamos sem recursos e o que se anuncia de redução para este ano ainda não nos afetou”, afirma. “A concessão de gastos negada pela presidente Dilma Rousseff era referente ao acréscimo de recursos, à verba extra.” Apesar de ressaltar que, nos últimos 12 anos, o efetivo tenha subido de 7 mil para 12 mil funcionários, Santana lembra que o trabalho da Polícia Federal não é simples e exige a ampliação da mão de obra. “Não basta identificar quem cometeu o crime. É preciso ter provas para acusar. Uma investigação exige uma equipe”, explica. E completa: “Hoje, temos um efetivo razoável, mas as atividades poderiam melhorar com o aumento do nosso pessoal”. DROGAS E ARMAS Na análise do diretor da Polícia Federal, focar no policiamento nas fronteiras não basta para eliminar o comércio de drogas e armas, pois, enquanto houver mercado consumidor, haverá tráfico e violência. “É preciso saber para onde vão essas drogas e armas e interromper esse comércio. Sem isso, fica impossível controlar totalmente as regiões de divisas”, avalia. “Basta ver os Estados Unidos, que mantêm uma enorme estrutura de segurança, mas não conseguem cessar o tráfico de heroína originário do México”, compara. Entretanto, pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social das Fronteiras (Idesf) aponta que, do total de 30 cidades-gêmeas brasileiras (cidades vizinhas e semelhantes econômica e socialmente, separadas apenas pela linha da fronteira), somente metade contava com a presença da Polícia Federal na região em 2012. Esses municípios registraram uma média de quase 37 homicídios por 100 mil habitantes, índice superior aos 29 computados no restante do país. Cidades-gêmeas recebem atenção extra no estudo das divisas do Brasil com outros países, pois são regiões estratégicas para o contrabando. Ainda é difícil saber como o orçamento de 2015 vai afetar esses municípios, mas se espera que o corte de R$ 72 milhões mensais do Ministério da Justiça não interrompa o importante trabalho que a Polícia Federal executa não apenas nessas, mas em todas as localidades da fronteira brasileira. Revista SESVESP | 9