Revista Sesvesp Ed. 122 - 2015 | Page 20

ANÁLISE POSTERGAR MELHORIAS DE SEGURANÇA É ERRO ESTRATÉGICO emos recebido alguns feedbacks de gestores de segurança de grandes companhias que chamaram a nossa atenção. Os mesmos se referem sobre como essas empresas estão tratando seus riscos “menores”. Segundo a grande maioria, em resumo, as empresas estão deixando em segundo plano tudo aquilo que está dentro da “curva” de perdas e que está “pulverizado” por assim dizer. Ou seja, aquilo que não está incomodando demasiadamente está sendo deixado de lado. Escrevemos e lemos há séculos sobre os problemas decorrentes de não tratarmos os problemas menores em razão de os mesmos sempre crescerem e criarem danos maiores em algum momento, bem como pelas surpresas em não se acompanhar devidamente o problema e subestimá-lo por longo tempo. Todas as discussões sobre avaliação de riscos e seus indicadores sempre recaem sobre aquilo que a análise aponta e a percepção que se tinha inicialmente sobre os mesmos. Invariavelmente, alguém sempre dirá que não acredita sobre um ponto ou outro até que as evidências comecem a falar por si próprias. Então, por que os tomadores de decisão insistem em protelar as devidas medidas de mitigação de riscos conhecidos que dão causa aos eventos que, quando seus potenciais máximos de danos estão instalados, provocam tanto alarde interno? Talvez a resposta esteja na dificuldade com que os gestores têm de lidar com as políticas que acompanharão T AUREO MIRAGLIA DE ALMEIDA, diretor da Poliguard Risk Intelligence 20 | Revista SESVESP as devidas respostas aos problemas. A sensibilidade exacerbada no tratamento dos problemas de comportamento humano em um país que parece gostar de distorcer as leis e as regras de convivência tem prejudicado muito o discernimento e a tolerância às faltas graves de colaboradores e prestadores de serviço. Os ambientes corporativos estão se deixando contaminar por erros que só são convenientes aos colaboradores e terceiros apoiados por políticas deficientes e equivocadas. A situação não é nova. Diferentemente de outros tempos, quando a área de recursos humanos hostilizava a segurança, agora a vê como grande aliada. Contudo, ambas as áreas estão sofrendo com o aumento dos riscos internos e perdidas na orientação das soluções necessárias. Enquanto as investigações tornamse cada vez mais necessárias, como resposta à impunidade padrão, as políticas que regem as condutas também precisam ocupar maior relevância no consciente cultural das empresas e deixar de ser apenas mais uma exigência do modelo de gestão. A impunidade torna-se padrão, e os códigos de conduta ficam irrelevantes, elevando os riscos trabalhistas de punição, quando as não conformidades não podem ser atribuídas categoricamente aos reais responsáveis. Os alarmes pessoais devem estar uníssonos com o que os controles apontam, respaldando, assim, nossas solicitações de investimentos e melhorias nos sistemas integrados de segurança!