ANÁLISE
POSTERGAR MELHORIAS DE
SEGURANÇA É ERRO ESTRATÉGICO
emos recebido alguns feedbacks
de gestores de segurança de grandes companhias que chamaram
a nossa atenção. Os mesmos se
referem sobre como essas empresas estão
tratando seus riscos “menores”.
Segundo a grande maioria, em resumo,
as empresas estão deixando em segundo plano tudo aquilo que está dentro da
“curva” de perdas e que está “pulverizado” por assim dizer. Ou seja, aquilo que
não está incomodando demasiadamente
está sendo deixado de lado.
Escrevemos e lemos há séculos sobre
os problemas decorrentes de não tratarmos os problemas menores em razão
de os mesmos sempre crescerem e criarem danos maiores em algum momento,
bem como pelas surpresas em não se
acompanhar devidamente o problema
e subestimá-lo por longo tempo. Todas
as discussões sobre avaliação de riscos
e seus indicadores sempre recaem sobre
aquilo que a análise aponta e a percepção que se tinha inicialmente sobre os
mesmos. Invariavelmente, alguém sempre dirá que não acredita sobre um ponto ou outro até que as evidências comecem a falar por si próprias.
Então, por que os tomadores de decisão insistem em protelar as devidas
medidas de mitigação de riscos conhecidos que dão causa aos eventos que,
quando seus potenciais máximos de
danos estão instalados, provocam tanto
alarde interno?
Talvez a resposta esteja na dificuldade com que os gestores têm de lidar
com as políticas que acompanharão
T
AUREO MIRAGLIA DE ALMEIDA,
diretor da Poliguard Risk Intelligence
20 | Revista SESVESP
as devidas respostas aos problemas. A
sensibilidade exacerbada no tratamento dos problemas de comportamento
humano em um país que parece gostar
de distorcer as leis e as regras de convivência tem prejudicado muito o discernimento e a tolerância às faltas graves
de colaboradores e prestadores de serviço. Os ambientes corporativos estão
se deixando contaminar por erros que
só são convenientes aos colaboradores
e terceiros apoiados por políticas deficientes e equivocadas.
A situação não é nova. Diferentemente
de outros tempos, quando a área de recursos humanos hostilizava a segurança,
agora a vê como grande aliada. Contudo,
ambas as áreas estão sofrendo com o aumento dos riscos internos e perdidas na
orientação das soluções necessárias.
Enquanto as investigações tornamse cada vez mais necessárias, como
resposta à impunidade padrão, as políticas que regem as condutas também
precisam ocupar maior relevância no
consciente cultural das empresas e deixar de ser apenas mais uma exigência
do modelo de gestão.
A impunidade torna-se padrão, e os
códigos de conduta ficam irrelevantes,
elevando os riscos trabalhistas de punição, quando as não conformidades não
podem ser atribuídas categoricamente
aos reais responsáveis. Os alarmes pessoais devem estar uníssonos com o que
os controles apontam, respaldando, assim, nossas solicitações de investimentos e melhorias nos sistemas integrados de segurança!