Revista Sesvesp Ed. 122 - 2015 | Page 16

iStock PENSATA NA LUTA CONTRA A CLANDESTINIDADE stima-se que no Brasil existam aproximadamente 2 milhões de vigilantes que atuam de maneira irregular, prejudicando o setor de segurança privada. Um fator que contribui para isso é a legislação atual do segmento, que está ultrapassada e não prevê sanções contra a clandestinidade. Contratar profissionais ilegais pode pôr em risco a vida ou o empreendimento do contratante. Um exemplo disso é a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), e tantos outros casos repercutidos na mídia. Outro problema enfrentado pelo setor são os chamados bicos policiais, em que agentes da segurança pública atuam como vigilantes privados no período da folga, para complementação da renda. Em pesquisa realizada pelo Ministério E JEFERSON FURLAN NAZÁRIO, presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (FENAVIST) 16 | Revista SESVESP da Justiça, cerca de 77% dos policiais entrevistados declararam manter uma segunda atividade remunerada. O número de policiais mortos fora do horário de serviço policial também comprova a atividade ilegal dos agentes públicos na segurança privada. Em sua grande maioria, a causa da morte decorre da reação em assaltos a estabelecimentos comerciais vigiados por eles. Além da segurança patrimonial realizada por policiais, é comum a concorrência predatória de companhias clandestinas que prestam serviços de segurança em grandes eventos. Com a sonegação de impostos e direitos trabalhistas, as empresas clandestinas cobram um valor muito abaixo do mercado nas licitações, prejudicando as empresas regulares. A contratação de clandestinos pode pôr em risco a vida ou o empreendimento do cliente. Ao escolher uma empresa associada à FENAVIST, ele terá a garantia de que aquele profissional passou por uma série de testes e cursos de capacitação para realizar o serviço com excelência. Por enquanto, não há muito o que fazer para coibir os trabalhadores informais, já que a atual legislação do setor não prevê sanções, mas a federação está trabalhando com parcerias em todo o país para combater a clandestinidade. Um exemplo disso é o trabalho desenvolvido para a aprovação do Estatuto da Segurança Privada, que está em discussão desde 2008 e, entre outros itens, visa a criminalizar as empresas que ofereçam serviços clandestinos. Por haver diversas propostas que tratam da segurança privada, atualmente cerca de 110 projetos estão apensados ao PL 4.238/2012, o qual determina o piso nacional dos vigilantes. Com a criação da Comissão Especial do Piso Salarial de Vigilantes, que visa a discutir o tema, esperamos que o setor tenha a sua importância reconhecida e a legislação seja atualizada.