Revista Sesvesp Ed. 121 - 2015 | Page 12

TENDÊNCIAS VIGILÂNCIA TECNOLÓGICA Os drones ganham cada vez mais adeptos, mas ainda não há uma legislação de seu uso no Brasil ara muitos, eles não passam de um brinquedo de luxo, para outros, uma novidade tecnológica com múltiplas funções, capaz de servir desde fotógrafos até cineastas de Hollywood em busca de imagens aéreas exuberantes; geólogos dispostos a descobrir rochas no meio do mar, bombeiros ansiosos por apagar incêndios em áreas de difícil acesso e Forças Armadas, como um aliado na luta pela segurança. O certo é que os drones, também conhecidos como Vants (Veículo Aéreo Não Tripulado), vêm ganhando cada vez mais espaço no dia a dia das pessoas. Recentemente, um modelo usado por um jornal para captar imagens foi notícia ao cair sobre um manifestante durante a passeata na Avenida Paulista, em São Paulo. Essa, sem dúvida, é uma das maiores preocupações das autoridades. Em tese, quem mantém o aparelho abaixo de 120 metros de altura, com controle visual, e está disposto a pagar a partir de US$ 500 por um modelo de baixa autonomia de voo, por exemplo, não está fazendo nada de errado. Não existe uma legislação específica sobre o assunto. Cada um opera de acordo com os seus próprios princípios e regras de segurança. Nos Estados Unidos, proibiu-se o uso comercial dos aparelhos, uma determinação que começa a ser revista; na França, estabeleceramse regras básicas para voos horizontais de até 100 metros. No Brasil, ainda não há uma lei própria sobre o tema, embora 15 das 44 indústrias de drones da América Latina estejam instaladas no país. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) promete editar normas em breve, limitando o voo sobre pessoas e o voo não autorizado sobre áreas de terceiros. Enquanto o setor não está regulamentado, o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) é o único dispositivo que legaliza as operações com Vants no país. 12 | Revista SESVESP Divulgação P Tanto a Anac quanto o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), contudo, proíbem o voo de drones sobre as cidades brasileiras. As demais operações, mesmo em áreas abertas e com baixa circulação de pessoas, precisam ser comunicadas com antecedência de 15 a 30 dias para evitar que os Vants dividam o espaço aéreo com aviões comerciais. Na prática, porém, não é difícil confirmar que os voos se realizam, até mesmo diante das câmeras de TV, a exemplo do que se viu no Carnaval carioca de 2015. Criada em 2007 por ex-alunos do curso de engenharia mecatrônica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), a XMobots, hoje sediada em São Carlos, no interior do estado, é responsável pela criação do primeiro Vant desenvolvido por uma empresa nacional privada a receber da Anac o certificado que autoriza as operações de voo com aviões não tripulados, o Cave. A autorização foi dada ao Nauru 500 A, com 5,5 horas de autonomia, 15 kg, comunicação de 30 km e que voa a uma altura de 3 mil milhas. “O Vant é equipado com câmera com resolução que pode variar de 2,5 a 30 cm por pixel, que permite a transmissão das imagens em tempo real”, afirma o sócio Giovani Amianti. “Nas operações de vigilância, essa câmera se torna um grande diferencial, pois permite a ação imediata por parte das autoridades.” Segundo o empresário, o Nauru pode ser usado no policiamento de áreas não urbanas, na fiscalização de fronteiras terrestres e marítimas, nas operações de policiamento ambiental e fiscalizações fundiárias, entre outras ações. Dos laboratórios da XMobots também saiu o Apoena 1000B, Vant de 32 quilos e autonomia de voo de oito horas, que se transformou no primeiro drone a operar na Amazônia para mapear e quantificar o desmatamento legal, necessário para a realização de obras no Rio Madeira. “Desde os primeiros anos de atuação no mercado, nos preocupamos com a regulamentação de nossas aeronaves”, afirma