Revista Sesvesp Ed. 117 - 2014 | Page 41

O Assédio Moral No Ambiente De Trabalho Jacqueline Cerqueira Jacqueline Cerqueira Consultora Organizacional www.holos.pro.br Evidencia-se cada vez a importância da disseminação de práticas de gestão de pessoas mais humanizadas” Em todo o mundo, muito tem se debatido sobre a implicação de alguns aspectos que interferem na qualidade de vida das pessoas nas organizações.E neste contexto, surge um tema cada vez mais comentado e recorrente no mundo do trabalho - o assédio moral. Entendendo que o assédio moral constitui-se numa conduta abusiva, manifestada através de comportamentos, palavras, atos, gestos escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. E as conseqüências deste ato são a diminuição da produtividade, favorecimento do absenteísmo, desmotivação e a permissividade a um ambiente de trabalho nocivo, devido aos desgastes psicológicos ocasionados. Muita energia tem sido investida em lutar contra este fenômeno que tem povoado as organizações no mundo inteiro. Atribui-se a este comportamento organizacional, algumas características, tais como: relações autoritárias, desumanas e aéticas, onde predomina os desmandos, a manipulação do medo, a competitividade, etc. Sabemos que, com a reestruturação e reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas às atividades profissionais: máxima qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação de tarefas, autonomia de equipes, dentre outras demandas. Exige-se dos trabalhadores, maior escolaridade, competência, eficiência e eficácia, espírito competitivo, criatividade, qualificação, responsabilidade pela manutenção do seu próprio emprego, dentre outras competências. Diante de toda esta engrenagem organizacional, emergem situações degradantes no ambiente de trabalho - culminando no assédio moral, fato que tem permeado muitos ambientes produtivos. Acredito que uma legislação com penalidades não resolve o problema do assédio moral nas organizações. Recorrer também à força sindical, evidenciará a superficialidade a qual estaremos submetendo a questão, pois poderá haver comportamentos e sentimentos velados, não manifestos e o clima organizacional poderá ficar mascarado, tendo em vista a força maior que é a perda do emprego. Esta realidade do assédio moral no mundo do trabalho, nos oferece possibilidades para revisão de muitas práticas organizacionais, dentre elas a gestão de pessoas. Verificamos que o processo de gestão de pessoas na organização vem passando por uma ampla evolução nas últimas décadas, no entanto em muitos contextos da atualidade ainda há uma indicação de práticas reducionistas e utilitárias, em que o ser humano deve servir à organização e este é o pano de fundo que suscita o assédio moral. É preciso que as organizações, através dos seus gestores, aprendam a promover condições saudáveis em torno de equipes e processos de trabalho, pois, estas ações constituem-se no grande alicerce para o alcance dos resultados organizacionais e da promoção de uma ambiência saudável. Sabemos que o problema do assédio moral é cada vez mais crescente nas organizações em todo o mundo, o que leva a ambiência organizacional se tornar nociva, acarretando uma série de conseqüências negativas nas relações de trabalho. É premente a conscientização de que a coerção, penalidade e punição não resolverão o problema. Necessário se faz perceber que diante das novas demandas no universo organizacional, evidencia-se cada vez mais a importância da disseminação de práticas de gestão de pessoas mais humanizadas, onde seja possível compatibilizar a orientação para processos e também para as pessoas. Edição 117 • 2014 |41| Revista SESVESP