Revista Sesvesp Ed. 114 - julho / agosto 2013 | Page 20

DESTAQUE A Vilanização da Iniciativa Privada e o Debate sobre a Terceirização S egundo a Folha de S.Paulo, de 9 de outubro passado, Cuba autorizou seu setor de turismo, controlado pelo Estado, a terceirizar serviços de hospedagem, alimentação, excursões e outras atividades para operadores privados, em um estímulo ao crescente setor “não estatal”. Embora o governo venha permitindo certa medida de terceirização pelo Estado junto a prestadores de serviços privados desde 2012, até agora o setor de turismo estava excluído da liberalização. O turismo é a principal atividade econômica em Cuba, que recebeu 2,8 milhões de visitantes em 2012, com movimento da ordem dos US$ 3 bilhões. Os novos regulamentos autoRevista SESVESP |20| julho / agosto 2013 rizam as agências estatais de turismo a usar as mais de cinco mil pousadas e 1,7 mil restaurantes privados agora operando no país governado pelos comunistas, bem como serviços privados de entretenimento e transporte. Além disso, hotéis e outras instalações turísticas podem agora terceirizar junto a empresas privadas serviços como fornecimento de refeições a funcionários, jardinagem e outros. Enquanto isso, no Brasil, o projeto de lei 4.330/04 tramita no Congresso Nacional procurando regulamentar um fato da vida real: empresas públicas, como a Petrobras, entidades governamentais e empresas privadas de todos os setores valem-se de serviços e mão de obra terceirizadas para, em conjunto com a mão de obra própria, realizar as suas tarefas. Como não há um marco legal regulando a matéria, empresários e trabalhadores estão expostos a incertezas e instabilidade. Não existe consenso na comissão geral que analisa o projeto que regulamenta a terceirização no Brasil. As opiniões se dividem entre os deputados que acreditam que o projeto dará maior proteção aos 15 milhões de trabalhadores terceirizados existentes e os que acham que a proposta aumenta a precarização do trabalho terceirizado no país. “O projeto de lei 4330/2004, em tramitação no Congresso, regulamenta o contrato de prestação de serviços ter- ceirizados e as relações de trabalho dele decorrentes. É absolutamente necessário para dar mais segurança jurídica às empresas e aos empregados e, finalmente, inibir a atuação de empresas clandestinas que precarizam o trabalho e tanto prejudicam a imagem da segurança privada no Brasil”, avalia José Adir Loiola, Presidente do SESVESP e ABSESP. “Sabemos todos que os serviços terceirizados, ainda malditos no Brasil, são hoje a base para uma economia sólida e mais competitiva mundialmente. Na Europa, 90% das empresas terceirizam sua produção e 80% dos produtos são comprados de terceiros, índice que chega a 75% no Japão e nos Estados Unidos. Nesse modelo não se