Revista Sesvesp Ed. 110 - novembro / dezembro 2012 | Page 38
ARTIGOS
Intraempreendedorismo:
Desenvolvendo a cultura de dono
Tom Coelho
Educador, conferencista
e escritor com artigos
publicados em 17 países.
Todo
empreendedor
precisa de duas
coisas: acordar de
manhã com desejo
pelo desafio e
terminar o dia com
reconhecimento
pelo que foi feito.”
(Luiz Fernando
Furlan)
Revista SESVESP
O
conceito de
intraempreendedorismo,
também denominado empreendedorismo
corporativo, foi apresentado
em 1985 por Gifford Pinchot III,
em sua obra homônima cujo
subtítulo dizia: “Por que você
não precisa deixar a empresa
para tornar-se um empreendedor”. De fato, a interpretação do empreendedor como
sendo dono do próprio negócio está ultrapassada. A visão
coerente remete ao executivo
capaz de agir como se fosse
um dos principais gestores de
uma organização. Veja dez
requisitos para promover o
intraempreendedorismo em
sua corporação.
1. Espírito empreendedor.
Significa desenvolver cultura
de dono e perseguir o resultado. Uma empresa privada
deve ter como propósito fundamental ser lucrativa e rentável – evidentemente não
a qualquer preço. Uma empresa pública, por sua vez,
deve postular a excelência
no atendimento à população
e a boa gestão dos recursos.
2. Visão sistêmica. Combater a feudalização no ambiente profissional. Os diversos departamentos ou setores
de uma companhia não são
mundos isolados e dissociados. Por isso, deve-se estimular o trabalho em equipe
com visão holística. A frase
“Isso não é da minha área”
representa a heresia máxima
a ser superada.
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3. Valores alinhados. Os
princípios que guiam o processo decisório e balizam o
comportamento representam o caráter, a essência e
o destino de uma organização. Assim, valores pessoais
e corporativos devem estar
em sintonia, definindo o perfil
de quem pode e deve vestir
a camisa da empresa.
4. Metas e planejamento.
Os objetivos devem ser explícitos e compartilhados e o
planejamento deve ser tática,
operacional e estrategicamente definido horizontalmente,
e não “de cima para baixo”.
5. Excelência. Dar um basta
na mediocridade. O possível
não é admissível quando o
melhor é esperado. O intraempreendedor não tem sua
agenda ditada pelo relógio
ou pelo calendário, não se
esquiva ou transfere responsabilidades, não realiza ou
delega tarefas apenas para
ver-se livre.
6. Comprometimento. Remuneração adequada e atrelada a resultados, programa
de benefícios, plano de carreira, treinamento e desenvolvimento são apenas pré-requisitos básicos a serem
oferecidos aos colaboradores. A desejada retenção de
talentos demanda aspectos
intangíveis como reconhecimento, valorização, clima
organizacional estimulante,
espaço para a realização de
sonhos pessoais e celebração
de conquistas.
7. Comunicação. Estabe-
lecer parâmetros para uma
comunicação aberta, abrangente e objetiva, isenta de
ambiguidades, onde opiniões são ouvidas, debatidas
sem censura e acolhidas por
consenso.
8. Marketing. Difundir a
compreensão básica de que
o marketing não é atribuição
de alguns, mas responsabilidade de todos e a construção
de uma marca é um processo
paulatino para gerar vínculo
cognitivo e emocional com
o consumidor.
9. Inovação. Em um mundo comoditizado, onde produtos, serviços e pessoas são
tão semelhantes, a perenidade exige adaptação contínua,
inovação constante e diferenciação permanente.
10. Qualidade de vida. O
desequilíbrio entre vida pessoal
e profissional é a maior fonte
de ansiedade e angústia dos
trabalhadores da atualidade.
Proporcionar meios para conciliar suas “Sete Vidas” (física,
afetiva, profissional, cultural,
social, material e espiritual)
é o melhor instrumento para
sua fidelização.
As tarefas e as metas não
podem ser um fardo; o ambiente e as pessoas não podem
ser desagradáveis. Assim, a
paixão verdadeira pelo trabalho deve ser o combustível a
motivar empreendedores e
intraempreendedores em sua
jornada diária em busca de
edificar grandes realizações
e deixar um legado autêntico
e inspirador.