Revista Sesvesp Ed. 108 - julho / agosto 2012 | Page 22

ARTIGO tes de Segurança conhecidos como Stewards, que são os responsáveis pelo atendimento e orientação ao público. É importante destacar que na Política de Segurança da FIFA, uma das prioridades é o atendimento às pessoas e a excelência no tratamento com o público. Os Stewards serão vigilantes formados, com um curso de extensão específico para trabalhar em jogos da Copa do Mundo. Eles poderão atuar em pequenos confrontos e incidentes, sendo certo que os casos graves serão tratados diretamente pelas Forças Policiais competentes, que estarão posicionadas em pontos estratégicos caso haja a necessidade de intervir. Entretanto, ainda não existe previsão legal para o trabalho dos Stewards, mas a Polícia Federal está analisando a melhor maneira de formá-los e implanta-los, em concordância com a legislação que disciplina a Segurança Privada no Brasil. Com o trabalho dos Stewards nos estádios, protegendo pontos como estacionamentos, bilheterias, catracas, e principalmente, áreas destinadas ao público, imprensa e atletas, as Forças Policiais poderão ser utilizadas de forma mais eficiente para proteger áreas públicas, como os arredores dos estádios, as zonas turísticas e as “Fan Fests” (praças abertas onde serão instalados telões para acompanhamentos dos jogos). Vale lembrar que atualmente a Segurança dos Revista SESVESP |22| julho / agosto 2012 Estádios no Brasil é feita exclusivamente pela Polícia Militar. Outro ponto que merece destaque é o conceito de Segurança de “Mãos Limpas”, onde os Agentes de Segurança que interagem diretamente com o público não carregam armas, sejam letais ou não letais. Esses Agentes são treinados em técnicas de defesa pessoal e imobilização, e terão todos os recursos para resolver os pequenos incidentes. As Forças Policiais que carregam armamento e equipamento para controle de multidões ficarão posicionadas em pontos estratégicos, porém longe dos olhos do público. Analisando mais uma vez os cases apresentados, fica claro que o torneio de tênis de Nova Iorque, por razões que todos conhecem, manteve uma postura mais conservadora em relação a Segurança, mantendo as Forças Policiais ostentando armamento e ocupando diversas posições dentro do complexo. Em contrapartida, nos jogos de basquete da NBA e no torneio de tênis de Miami, o conceito de Segurança de “Mão Limpas” foi implantando com sucesso, e nem por isso ofereceu um nível menor de Segurança ao público presente. Conclusão O Mercado de Segurança Privada Brasileiro está investindo e se preparando para atender as grandes demandas e exigências dos eventos internacionais, principalmente na formação, treinamento e capacitação dos vigilantes que serão escalados para trabalhar nos estádios, hotéis, shoppings e tantos outros pontos de interesse. Porém é necessário ir além. Na preparação para os eventos, estamos entrando em contato com novos conceitos e formas de trabalho. É o momento ideal para debater e discutir pontos de melhorias para o Mercado de Segurança Privada, para quebra de antigos paradigmas e a aprovação de novas leis que modernizem e moralizem o segmento, além de ampliar a área de atuação. O Estatuto da Segurança Privada que há anos está em formatação, e que vem sendo debatido entre Governo, Empresários e Trabalhadores, com o advento da Copa do Mundo e das Olimpíadas, parece encontrar forças e condições ideais para finalmente ser aprovado, e assim, ser capaz de revolucionar o mercado. O verdadeiro legado que a Copa do Mundo e as Olimpíadas deixarão para a Segurança Privada Brasileira vai muito além do trabalho a ser realizado em campo, durante os eventos. Com a aplicação de novos conceitos, práticas e principalmente dando forças para a aprovação do Estatuto da Segurança, permitirão um novo ciclo de crescimento, modernização e profissionalização, que se estenderá por muitos anos após o término dos jogos.